São Paulo — O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
usou as redes sociais nesta segunda-feira (12/2) para chamar apoiadores para um
evento no próximo dia 25, na Avenida Paulista, em São Paulo. Em vídeo, diz que
quer se defender das acusações contra si.
Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a
megaoperação Tempus Veritatis, que atingiu em cheio o núcleo duro do
bolsonarismo, acusado de tramar golpe contra a democracia e as eleições de
2022.
No vídeo divulgado nesta segunda, Bolsonaro convoca os “amigos de todo Brasil, em especial, de São Paulo”. “No último domingo de fevereiro, dia 25, às 15h, estarei na Paulista realizando um ato pacífico em defesa do nosso estado democrático de direito”, disse, vestindo uma camisa da seleção brasileira.
Bolsonaro pediu que todos compareçam vestindo verde
e amarelo. “E, mais do que isso, não compareçam com qualquer faixa ou cartaz
contra quem quer que seja. Nesse evento, eu quero me defender de todas as
acusações que têm sido imputadas a minha pessoa nos últimos meses”, afirma.
O ex-presidente sinaliza que deseja ter o registro
de uma demonstração de força de seus apoiadores. “Mais do que discurso, uma
fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes desse
evento para mostrarmos para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas
preocupações, o que nós queremos. Deus, pátria, família e liberdade. Até lá, se
Deus quiser”, diz.
Tempus Veritatis
Acuado, Bolsonaro viu nos últimos dia uma série de
aliados nas mãos da PF, depois de deflagrada a operação da PF. O ex-presidente
teve
Entre os presos na última semana está Valdemar da
Costa Neto, presidente do seu partido, o PL. Também foi detido o coronel do
Exército Bernardo Romão Corrêa Neto, acusado de disseminar notícias falsas.
O major das Forças Especiais do Exército Rafael
Martins de Oliveira também foi preso, acusado de planejar um golpe de estado,
após conversas com o tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de
Bolsonaro.
Ex-assessor de Assuntos Internacionais da
Presidência, Filipe Martins é outro que foi preso, apontado pela PF como um dos
autores da “minuta do golpe”.
O coronel Marcelo Costa Câmara, que foi assessor
especial de Bolsonaro, também foi detido por participar da trama golpista,
segundo as investigações, com o monitoramento de autoridades como o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em vídeo de reunião realizada em julho de 2022,
Bolsonaro exortou os participantes a agirem antes da eleição que deu a Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) o seu terceiro mandato. “Nós sabemos que, se a gente
reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande
guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida de que a esquerda,
como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles
vão ganhar as eleições”, afirmou na ocasião.
Na decisão que autorizou a operação deflagrada pela
PF, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que a reunião “nitidamente, revela
o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo”.