Sob impacto do El Niño,
alimentos ficaram mais caros para o consumidor brasileiro em janeiro, apontam
dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta
quinta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação da alimentação no
domicílio acelerou a 1,81% no primeiro mês deste ano, após marcar 1,34% em
dezembro.
A nova taxa é a maior para meses
de janeiro em oito anos, desde 2016. À época, a variação dos preços havia sido
de 2,89%.
Entre os produtos, a maior alta
em janeiro de 2024 foi registrada pela cenoura: 43,85%. A batata-inglesa veio
em seguida, com aumento de 29,45%.
A inflação dos alimentos costuma
ser pressionada no verão por fatores como temperaturas altas e chuvas intensas.
São eventos climáticos que dificultam o cultivo no campo e reduzem a oferta de
mercadorias na cidade.
No início de 2024, o quadro é
agravado pelo El Niño, segundo o IBGE. O fenômeno afeta a distribuição das
chuvas no território.
Regiões como o Sudeste
atravessaram ondas de calor intenso nos últimos meses, enquanto o Sul amargou
fortes tempestades.
"Historicamente, há uma
alta dos alimentos nos meses de verão, em razão dos fatores climáticos, que
afetam a produção, em especial dos alimentos in natura, como os tubérculos, as
raízes, as hortaliças e as frutas", afirmou André Almeida, gerente da
pesquisa do IPCA.
"Neste ano, isso foi
intensificado pela presença do El Niño", acrescentou.
Depois da cenoura e da
batata-inglesa, as maiores altas de preços entre os alimentos foram registradas
por manga (23,35%), maracujá (22,06%), laranja lima (21,16%), repolho (16,68%),
açaí (14,96%), inhame (14,78%), feijão-fradinho (11,70%) e abacaxi (10,31%).
Banana-prata (10,01%) e
feijão-carioca (9,70%), o preferido do brasileiro, apareceram na sequência.
Outros produtos tradicionais da mesa do consumidor, embora não estejam no topo
da lista de aumentos, também ficaram mais caros.
É o caso do arroz, que subiu
6,39% em janeiro. Houve influência do clima adverso e da preocupação com a nova
safra, apontou Almeida.
"Além disso, a Índia, maior
produtor mundial, enfrentou questões climáticas que atingiram a produção e
cessou as exportações no segundo semestre do ano passado, o que provocou o
aumento do preço desse produto [arroz] no mercado internacional", disse o
pesquisador do IBGE.
O limão, por outro lado, teve
queda de 20,54% nos preços em janeiro. Foi a maior redução entre os 377
subitens (produtos e serviços) do IPCA, seguida pela baixa da abobrinha
(-17,95%).
INFLAÇÃO EM JANEIRO, EM %
Cenoura - 43,85
Batata-inglesa - 29,45
Manga - 23,35
Maracujá - 22,06
Laranja lima - 21,16
Repolho - 16,68
Açaí - 14,96
Inhame - 14,78
Feijão fradinho - 11,7
Abacaxi - 10,31
Banana-prata - 10,01
Feijão-carioca (rajado) - 9,7
Laranja pera - 9,57
Banana-maçã - 8,92
Abacate - 8,8
Fonte: IBGE