null Crédito: Agência Brasil
Beneficiada pela queda nas importações de
combustíveis, compostos químicos e pela safra recorde de soja e de café, a
balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou janeiro
com superávit de US$ 6,527 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (7) o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O
resultado é o melhor para meses de janeiro, e representa alta de 185,6% em
relação ao mesmo mês do ano passado.
Em relação ao resultado mensal, as exportações
subiram, enquanto as importações ficaram estáveis em janeiro. No mês passado, o
Brasil vendeu US$ 27,016 bilhões para o exterior, alta de 18,5% em relação ao
mesmo mês de 2023. Esse é o maior valor exportado para meses de janeiro desde o
início da série histórica. As compras do exterior somaram US$ 20,49 bilhões,
recuo de apenas 0,1%.
Do lado das exportações, a safra recorde de grãos e
a recuperação do preço do açúcar e do minério de ferro compensaram a queda
internacional no preço de algumas commodities - bens primários com cotação
internacional. Do lado das importações, o recuo nas compras de petróleo, de
derivados e de compostos químicos foi o principal responsável pela retração.
Após baterem recorde em 2022, depois do início da
guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuam desde a metade de 2023. A
principal exceção é o minério de ferro, cuja cotação vem reagindo por causa dos
estímulos econômicos da China, a principal compradora do produto.
No mês passado, o volume de mercadorias exportadas
subiu 22,1%, enquanto os preços caíram 3,1% em média na comparação com o mesmo
mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 13%, mas os
preços médios recuaram 12,6%.
Setores
No setor agropecuário, a safra recorde de grãos
pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 42,3% em
janeiro na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu
13,9%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 6,9%, com o preço
médio recuando 2,3%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de
minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 44,3%, enquanto os preços
médios aumentaram 6,1%.
Os produtos com maior destaque nas exportações
agropecuárias foram soja (191,1%), algodão bruto (106,5%) e café não torrado
(17,9%). Em valores absolutos, o destaque positivo é a soja, cujas exportações
subiram US$ 956,4 milhões em relação a janeiro do ano passado. A safra recorde
fez o volume de embarques de soja aumentar 240%, mesmo com o preço médio tendo
caído 14,4%.
Na indústria extrativa, as principais altas foram
registradas em minério de ferro (56,9%), minérios de cobre (100,9%) e óleos
brutos de petróleo (53,4%). No caso do ferro, a quantidade exportada aumentou
20%, e o preço médio subiu 30,8%.
Em relação aos óleos brutos de petróleo, também
classificados dentro da indústria extrativa, as exportações subiram 53,4%. Os
preços médios recuaram 5,2% em relação a janeiro do ano passado, enquanto a
quantidade embarcada aumentou 61,8%.
Na indústria de transformação, as maiores altas
ocorreram em açúcares e melaços (88,5%), farelos de soja e outros alimentos
para animais (30,7%) e óleos combustíveis de petróleo (20,6%). A crise
econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também
influenciou no crescimento das exportações dessa categoria. As vendas para o
país vizinho caíram 25,4% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado.
Em relação às importações, os principais recuos
foram registrados na cevada não moída (55,6%), milho não moído, exceto milho
doce (35,3%) e cacau bruto ou torrado (47,1%), na agropecuária; minérios de
cobre (100%), carvão não aglomerado (13,4%) e óleos brutos de petróleo (41,8%),
na indústria extrativa; compostos organo-inorgânicos (32,5%), medicamentos e
produtos farmacêuticos (16,3%) e adubos ou fertilizantes químicos (27,5%), na
indústria de transformação.
Em relação aos fertilizantes, cujas compras do
exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços
médios caíram 37%, mas a quantidade importada subiu 15,1%.
Estimativa
Apesar da desvalorização das commodities, o governo
projeta superávit de US$ 94,4 bilhões este ano, com queda de 4,5% em relação a
2023. A próxima projeção será divulgada em abril.
Segundo o MDIC, as exportações subirão 2,5% em
2024, encerrando o ano em US$ 348,2 bilhões. As importações avançarão 5,4% e
fecharão o ano em US$ 253,8 bilhões. As compras do exterior deverão subir por
causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo, num cenário de preços
internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e
Ucrânia.
As previsões estão um pouco mais otimistas que as
do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado
divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 76,9 bilhões
neste ano.