Foto: Moskow / Fred Pontes / Bahia Notícias
A regulamentação da lei que
proíbe o uso de pistolas de água e objetos similares durante o Carnaval de
Salvador gerou debate nas redes sociais para o eixo Sul-Sudeste, que entendeu a
medida, assinada pelo governador Jerônimo Rodrigues, na segunda-feira (29) como
algo superficial.
O contexto da proibição, no
entanto, foi ignorado pelos foliões de outros estados. A pistola, que acabou
sendo um objeto atribuído ao bloco 'As Muquiranas', era utilizado pelos
associados para importunar outros foliões e se tornou uma forma de ataque as mulheres
durante a festa.
Uma das cenas que
viralizaram em 2023 foi feita durante a passagem do bloco As Muquiranas, quando uma mulher foi cercada por um
grupo de homens e além de ser atingida pelos jatos de água das pistolas, foi
empurrada e agredida fisicamente.
A lei, que tem como objetivo garantir a segurança e
respeito nas festas, determina
que blocos, agremiações e demais organizações adotem medidas para impedir o uso
dos equipamentos por foliões e associados, através de campanhas.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o
empresário Washington Paganelli, responsável pelo bloco As Muquiranas, afirma
que a medida é um motivo de celebração para a agremiação.
"Era uma coisa que nós já
brigávamos desde 2012, quando entramos na Câmara de Vereadores e na época foi
reprovada. Agora nós conseguimos, junto com a deputada, discutimos, fomos de
gabinete em gabinete dos deputados, a lei foi aprovada, sancionada pelo
governador e agora regulamentada. É uma vitória para todos nós, que buscamos um
Carnaval em paz."
Criado em 1965, o bloco é o primeiro de travestidos na história do
Carnaval e desde o "nascimento" já chamava atenção pelo diferencial
na avenida. As pistolas passaram a ser associadas a imagem dos foliões que
desfilavam travestidos anos após os primeiros desfiles, sem uma data precisa
para indicar o início do uso do objeto, mas, desde então, causa indignação nos
foliões que são atravessados pelos jatos de água.
Segundo Paganelli, a arma nunca fez
parte da fantasia oficial do bloco. O associado recebe apenas itens da
fantasia, como sapato, meia, saia e sunga.
"Nós nunca demos uma pistola.
Fizemos campanhas contra o uso de pistolas, tanto que nesse episódio do
Carnaval nós tivemos apoio do Ministério Público, de Ivete Sacramento, todo
mundo saiu em nossa defesa porque eles viam a nossa briga para que isso não
ocorresse. Nós damos tênis, meia, sunga, saia, bustiê, o torço da cabeça e uma
sacola. A pistola não faz parte da nossa fantasia."
Neste ano, as fantasias do bloco serão numeradas para facilitar a identificação de
possíveis agressores.
Além da pistola, o bloco já carregou
outras polêmicas como a questão do assédio e do desrespeito as mulheres devido
as fantasias. Para o site, Paganelli reforçou o compromisso com a sociedade e
com causas sociais em 2024 e nos próximos anos.
"Nós brigamos e conseguimos com
unanimidade, tanto o líder do governo quanto da oposição nos apoiou. Nós
mostramos esse ano o quanto o bloco As Muquiranas é comprometido com as causas
sociais, com as crianças, com as mulheres, com o assédio, tudo que vem pelo
lado errado do que nós acreditamos nós somos contra."
Neste ano o bloco desfila com o tema
'Deusas da África'. "A nossa homenagem chega para que juntos possamos
reviver as memórias de um passado glorioso, de grande riqueza e influência de
soberanas civilizações seculares africanas, sendo regidas e comandadas por
mulheres guerreiras e que reinaram com muita grandeza e sabedoria o seu
povo".