Foto: Marcello Casal Jr /
Agência Brasil
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) melhorou a previsão de crescimento da economia do Brasil para
1,7% neste ano, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao número
anunciado em outubro do ano passado. No mundo, o órgão também alterou a
previsão para cima em 0,2 ponto percentual, subindo de 2,9% para 3,1%.
A entidade internacional citou a
demanda doméstica e crescimento acima do esperado de parceiros comerciais como
razões para o aumento na expectativa do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
Ao mesmo tempo, o relatório Perspectiva Econômica Global do FMI manteve a
estimativa de que a economia do Brasil cresceu 3,1% em 2023 e terá uma expansão
de 1,9% em 2025.
"(A revisão para cima em
2024) deve-se principalmente a efeitos de carregamento estatístico de uma
demanda doméstica mais forte do que o esperado e crescimento acima do esperado
em grandes parceiros comerciais em 2023", disse o FMI no relatório,
citando ainda a revisão para cima em 0,6 ponto percentual da estimativa para o
México, cujo crescimento está agora previsto em 2,7% para este ano.
Depois de surpreender no
primeiro semestre de 2023 e mostrar resiliência no terceiro trimestre,
analistas avaliam que a economia brasileira teria terminado 2023 rondando a
estagnação em meio aos efeitos dos juros elevados, ainda que tenha se
favorecido de um mercado de trabalho apertado e alívio na inflação. Desde
agosto, o Banco Central reduziu a Selic de 13,75% para o atual patamar de
11,75%, e a expectativa é de mais um corte de 0,5 ponto nesta quarta-feira
(31), em sua primeira decisão do ano.
O IBGE divulgará em 1º de março
os dados do PIB no quarto trimestre e do acumulado de 2023. A estimativa do FMI
para 2023 está em linha com os números do governo e do BC, que veem expansão de
3% no período. Já em 2024, o Ministério da Fazenda é mais otimista que o fundo
internacional e espera aumento de 2,2%.
ARGENTINA PUXA PREVISÃO DA
AMÉRICA LATINA PARA BAIXO
Apesar das revisões positivas
tanto para Brasil quanto para o México este ano, o cenário para a América
Latina e Caribe piorou. A estimativa para o crescimento da região é de
desaceleração de 2,5% em 2023 para 1,9% em 2024, com redução de 0,4 ponto percentual
na conta para este ano. Em 2025, a economia da região deve se recuperar e ter
expansão de 2,5%.
A Argentina foi quem teve a
situação mais destacada. O país saiu de uma expectativa de expansão de 2,8%
para uma contração de 2,8%, afetando o cenário para o crescimento na América
Latina como um todo.
"A revisão para 2024
reflete contração na Argentina no contexto de ajustes significativos para
restaurar a estabilidade macroeconômica", apontou o FMI.
Já a perspectiva para as
Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, das quais o Brasil faz
parte, melhorou em 0,1 ponto percentual para 2024, a 4,1%, mesma taxa de
crescimento prevista para 2023.
"POUSO SUAVE" NO MUNDO
Em relação ao crescimento
econômico global, o FMI elevou a projeção para este ano de 2,9%, no relatório
de outubro do ano passado, para 3,1%. Para 2025, a expectativa do fundo é de um
crescimento de 3,2%. A média histórica para o período 2000-2019 foi de 3,8%.
No relatório, o FMI apontou uma
melhora das duas principais economias do mundo. Os Estados Unidos tiveram a
previsão de 2,1% de crescimento (0,6 ponto percentual a mais do que o último
relatório) e a China foi de 4,2% para 4,6% de expansão.
"Achamos que a economia
global continua a demonstrar uma resiliência notável e estamos agora na descida
final em direção a um 'pouso suave', com a inflação diminuindo de forma
constante e o crescimento se mantendo", disse o economista-chefe do FMI,
Pierre-Olivier Gourinchas, que fez, porém, uma ressalva. "Mas a base da
expansão continua mais lenta e pode haver turbulência à frente".
O FMI afirmou que a melhora das
perspectivas foi sustentada por gastos públicos e privados mais fortes, apesar
das condições monetárias restritivas, bem como pelo aumento da participação da
força de trabalho, cadeias de abastecimento reparadas e preços mais baratos da
energia e das matérias-primas.
O fundo projetou um crescimento
do comércio global de 3,3% em 2024 e 3,6% em 2025, bem abaixo da média
histórica de 4,9%, com os ganhos afetados por cerca de 3.000 restrições
comerciais que foram impostas em 2023.
O FMI manteve a sua previsão de
outubro de uma inflação global de 5,8% para 2024, mas reduziu a projeção para
2025 de 4,6% para 4,4%. "Excluindo a Argentina, que registrou um pico de
alta de preços, a inflação global seria mais baixa", disse Gourinchas. Em
dezembro, a inflação argentina atingiu 211% no acumulado dos últimos 12 meses,
fazendo com o que o país se tornasse o país com o maior índice na América
Latina.
As economias avançadas deverão
registrar uma inflação média de 2,6%, uma queda de 0,4 ponto percentual em
relação à previsão de outubro, com a inflação a caminho de atingir as metas dos
bancos centrais de 2% em 2025. Em contraste, a inflação média seria de 8,1% nos
mercados emergentes e economias em desenvolvimento em 2024, antes de diminuir
para 6% em 2025.
O FMI disse que os preços médios
do petróleo cairão 2,3% em 2024, contra o declínio de 0,7% previsto em outubro,
e que os preços deverão cair 4,8% em 2025.
De acordo com a autoridade
monetária, os novos aumentos nos preços das commodities devido a choques
geopolíticos, incluindo ataques contínuos ao transporte no Mar Vermelho,
poderiam prolongar as condições monetárias restritivas. Gourinchas disse que o
fundo está acompanhando os acontecimentos no Oriente Médio, mas o impacto
econômico mais amplo permanece "relativamente limitado".
A zona do euro sofreu uma
revisão para baixo e a expectativa agora é de crescimento de apenas 0,9% em
2024 e 1,7% em 2025, com a Alemanha, maior economia europeia, registrando
expansão de apenas 0,5% em 2024, contra taxa de 0,9% prevista em outubro.