Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace
As áreas protegidas da Amazônia
tiveram em 2023 o menor desmatamento em nove anos, desde 2014. Conforme o
monitoramento por imagens de satélite do Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon), a devastação dentro de terras indígenas e unidades
de conservação passou de 1.431 km² em 2022 para 386 km² em 2023, uma diminuição
de 73%, quase quatro vezes menos. Esse, inclusive, é o menor índice desde 2013,
quando foram desmatados 178 km².
Em 2022, segundo o Imazon, o
desmatamento de áreas protegidas da região chegou a 1.431 km², número bastante
próximo aos observados desde 2019, ano em que foi percebido o início de uma
alta que se manteve até 2022. Foram 1.460 km² de áreas protegidas desmatadas em
2021; 1.369 km² em 2020; e 1.222 km² em 2019. Entre 2012 e 2018, o ano em que
se observou maior quantidade de áreas protegidas devastadas foi 2018 (721 km²).
As informações são da Agência Brasil.
O monitoramento é feito com a
ajuda de imagens de satélite do Imazon. De acordo com o instituto de pesquisa,
a redução observada nessas áreas em 2023 “superou a queda geral na derrubada”,
que apresentou decréscimo de 62% entre 2022 (10.573 km²) e 2023 (4.030 km²).O
ano em que o desmatamento acumulado apresentou menor índice foi 2013 (1.144
km²). Já o período com maiores índices começou em 2019 (6.200 km²). Em 2020 e
2021 o desmatamento acumulado subiu para 8.058 km² e 10.362 km²,
respectivamente.
“A redução expressiva do
desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois são territórios que
precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada. Isso porque, na
maioria das vezes, a devastação dentro de terras indígenas e unidades de conservação
significa invasões ilegais que levam a conflitos com os povos e comunidades
tradicionais que residem nesses territórios”, explica o coordenador do Programa
de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza.
O Imazon, no entanto, alerta que
há um ponto preocupante relativo à degradação observada em 2023: ela pode estar
relacionada à seca e às queimadas na região, uma vez que “no último mês do ano,
enquanto foram desmatados 108 km², outros 1.050 km² foram degradados, quase 10
vezes mais”.
TERRA INDÍGENAS
Entre as terras indígenas, uma
das situações mais críticas ocorreu na Igarapé Lage, em Rondônia, onde o
desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² em 2022 para 8 km² em 2023, uma
área equivalente a 800 campos de futebol. Isso fez com que o território fosse o
terceiro mais devastado da Amazônia em 2023. Outras duas terras indígenas
localizadas na divisa do Amazonas com Roraima também apresentaram aumentos
expressivos na derrubada. No caso, os territórios Waimiri Atroari, cuja perda
florestal passou de 1 km² em 2022 para 4 km² em 2023 (300% a mais); e Yanomami,
onde a devastação passou de 2 km² em 2022 para 5 km² em 2023 (alta de 150%).
“Isso fez com que a terra
Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado uma operação
humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de garimpeiros,
fosse a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri Atroari ficou
em nono lugar”, detalha a pesquisa.
A maior área destruída em um
território indígena no ano passado foi registrada na terra Apyterewa, onde
foram desmatados 13 km². De acordo com o Imazon, apesar de ocupar o topo do
ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia
perdido 88 km² de floresta. Em outubro, o local recebeu uma operação de
desintrusão para remoção de invasores ilegais. O total de terras indígenas
devastadas em 2023 ficou em 104 km². O número é, segundo o instituto, menos da
metade do registrado em 2022 (217 km²). O ano em que se observou menor área
indígena desmatada foi 2014 (28 km²).