Logo após
vencer as prévias do Partido Republicano no estado de Iowa, o ex-presidente dos
Estados Unidos Donald Trump compareceu a um tribunal de Nova York nesta
terça-feira (16) para responder ao processo de difamação movido pela escritora
E. Jean Carroll, que o acusou de abuso sexual.
O ex-presidente —que ao que tudo indica
voltará a disputar o comando da Casa Branca com Joe Biden—, foi considerado
culpado de abuso sexual no ano passado. Na ocasião, o júri também o considerou
responsável por difamação, pendendo a definição do valor da indenização a ser
paga. Carroll reivindica US$ 10 milhões (R$ 48,7 milhões) por danos à sua
reputação profissional.
"Nunca vi essa mulher na minha vida […]
não faço ideia de quem ela é", afirmou Trump na semana passada sobre a
escritora, a quem já chamou de mentirosa depois de ter sido condenado a pagar,
em outro julgamento ocorrido no ano passado, mais de US$ 2 milhões (R$ 10,1
milhões) a ela.
O julgamento desta terça enfoca declarações
feitas pelo republicano depois de a jornalista ter relatado a agressão sexual
em um artigo de revista. Após o caso vir à tona, o então presidente disse que
Carroll "não fazia seu tipo" e que havia inventado toda a história
para "vender seu novo livro".
Colunista da revista de moda Elle por 26
anos, Carroll revelou o caso em 2019, quando a New York Magazine publicou um
trecho de seu livro de memórias. Na sua versão, ela se encontrou casualmente
com Trump na loja Bergdorf Goodman da Quinta Avenida, em Nova York, em 1996.
Naquela época, Trump era um proeminente promotor imobiliário, e ela, uma
conhecida jornalista e apresentadora de televisão.
Durante o processo, Carroll disse em
depoimento oficial que Trump a teria empurrado contra a parede e estuprado no
vestiário da loja. Os jurados tiveram a tarefa de decidir se houve estupro,
abuso sexual ou toques à força na ocasião —uma agressão em qualquer uma das
hipóteses. Posteriormente, eles foram provocados a decidir se Trump difamou
Carroll ao afirmar que ela tinha inventado as acusações para aumentar as vendas
de seu livro e prejudicá-lo politicamente.
A advogada de Carroll, Roberta Kaplan,
alertou o tribunal na última sexta (12) do risco de a presença do republicano
gerar caos na audiência. Numa tentativa de evitar que a sessão se transformasse
em um comício político, o juiz de instrução Lewis Kaplan, por sua vez, deixou
claro que "a única coisa que está em jogo no julgamento são os danos
causados à senhora Carroll pelas declarações".
Trump solicitou o adiamento do julgamento
para comparecer ao funeral de sua sogra, Amalija Knavs, na próxima quinta (18),
na Flórida. Mas o juiz negou o pedido, mencionando que na noite de quarta (17)
o republicano planeja participar de um comício em New Hampshire, na segunda
disputa das primárias republicanas.
Confirmando expectativas, Trump venceu na
segunda a primeira batalha pela nomeação republicana da corrida pela Casa
Branca, em Iowa. Com mais de 95% dos votos contados, o ex-presidente tinha
obtido 51% dos votos —maior percentual angariado por um candidato em uma
disputa do partido. A distância para Ron DeSantis, que teve 21,2% dos votos,
foi de praticamente 30 pontos percentuais, outro número inédito. Em terceiro
lugar ficou Nikki Haley, com 19,1% dos votos.