Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) publicou um vídeo neste domingo (14) dizendo que ele pode ser "um
cara horrível", mas que "o outro cara é péssimo", em uma
referência ao presidente Lula (PT).
A comparação feita por ele
ocorre dias após a repercussão de falas do presidente de seu partido, Valdemar
da Costa Neto, com elogios ao petista.
O presidente do PL foi atacado
por bolsonaristas nas redes sociais e, neste sábado (13), disse ser "leal
a Bolsonaro", fiel aos seus princípios e, embora tenha mantido elogios a
Lula, afirmou que suas falas foram tiradas de contexto.
No vídeo publicado neste
domingo, gravado durante uma visita à cidade de Angra dos Reis (RJ), Bolsonaro
não citou Valdemar, mas buscou comparar seu governo com o de Lula.
Além de falar da situação
econômica do país, questionou a mudança em relação à política de armas e a
política externa brasileira.
"Nós estamos no mesmo barco
pessoal. Se alguém porventura aqui votou no PT, pode ser que exista: não dá
para comparar, eu posso ser um cara horrível, mas o outro cara é péssimo."
Declarado inelegível pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) no ano passado por mentiras e ataques ao sistema
eleitoral em 2022, Bolsonaro afirmou que o Brasil está com um rombo de quase R$
200 bilhões. "Essa conta quem vai pagar são vocês", disse aos
apoiadores que o acompanhavam.
O número oficial, porém, será
divulgado pelo Tesouro apenas no fim de janeiro. No final de dezembro, o
secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse esperar que o governo
central feche 2023 com déficit primário acumulado em 12 meses de aproximadamente
R$ 125 bilhões.
Sobre a política externa,
Bolsonaro acusou o PT de ser aliado do Hamas e disse que "ele não
reconhece o Hamas como terrorista". Em outubro, Lula afirmou que o Hamas
cometeu atos de terrorismo ao invadir Israel em 7 de outubro e que este, por sua
vez, reagiu de "forma insana" ao bombardear de modo contínuo a Faixa
de Gaza desde então.
O presidente do partido de
Bolsonaro relatou ter virado alvo de ataques desde sexta-feira (12) devido a
uma entrevista concedida por ele em dezembro ao jornal O Diário, da região de
Mogi das Cruzes (SP).
No vídeo, Valdemar afirma que
Lula tem prestígio e é fenômeno por "chegar onde chegou".
Em entrevista à Folha também na
sexta, ele se disse mal compreendido e chamou de "fake" o conteúdo
que circula. Não por negar os elogios, mas por considerar que o trecho da
entrevista, concedida no mês passado, foi tirado de contexto.
"O que eu falei do Lula, eu
falei porque é verdade. Se eu não falar a verdade, perco a credibilidade, que é
o que me resta na política. Ninguém pode negar que ele foi bom presidente. Ele
elegeu a Dilma [Rousseff]. Só que eu tava fazendo comparação: o Lula tem
prestígio, Bolsonaro tem uma coisa que ninguém tem no planeta, carisma."
À Folha Valdemar elogiou a
escolha de Lula de indicar o ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal
Federal) Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça.
O dirigente do partido de Jair
Bolsonaro classificou Lewandowski como homem de bem e de comportamento firme.
"Lewandowski tinha tudo
para ir pro Ministério da Justiça. Ele é preparado, homem de bem, homem que
sempre teve comportamento firme. [Lula] Acertou, como não. Como no caso do
[Cristiano] Zanin, não foi boa indicação?", disse.