Foto: Victor Angelo
Caldini/Divulgação/Paroquia São Miguel Arcanjo
João Jorge e Beto do Social, do
PSDB, Nunes Peixeiro (MDB) e Milton Ferreira (Podemos), vereadores que
assinaram o pedido de abertura de CPI para investigar o padre Júlio Lancelotti
e ONGs que atuam no Centro de São Paulo, anunciaram nesta sexta-feira (5) que
não apoiam mais a instalação da comissão.
“O fato de o Rubinho antecipar o
padre Júlio como foco atrapalha o andamento da CPI. Vários vereadores retirando
assinatura. Da minha bancada o Beto do Social me avisou que está retirando. Eu
vou rever”, disse Jorge à GloboNews.
A retirada do apoio de Jorge é
simbólico dado o trânsito dele tanto no Legislativo quanto no Executivo
municipal: ele é ex-secretário da Casa Civil de gestões tucanas (governos João
Doria e Bruno Covas) e, atualmente, é vice-presidente da Câmara Municipal de
São Paulo.
Na avaliação do parlamentar, “a CPI deve morrer no colégio de líderes antes
de ir ao plenário. Se não acabar antes por falta de assinaturas.”
O vereador Beto do Social comunicou a João Jorge nesta sexta-feira (5) que
também está retirando o apoio à instalação da CPI. Por telefone, o parlamentar
disse à GloboNews que está indignado com a vinculação do seu nome à
possibilidade de uma investigação ser aberta na Casa contra o principal nome da
Pastoral do Povo de Rua paulistana.
"Nunca imaginei que era para investigar a Igreja Católica, sou o maior
‘investidor’ da Igreja Católica, sou evangélico, da Igreja Quadrangular mas
admiro o trabalho da Igreja Católica e o trabalho do Padre Júlio Lancellotti.
Como eu ia assinar uma CPI contra Igreja Católica?”
Outro vereador que recuou do apoio foi Dr. Nunes Peixeiro, do MDB, mesmo
partido do prefeito Ricardo Nunes.
"É um dever moral defender nosso Pe. Júlio Lacellotti! Dedica seu
tempo, sua vida e sua integridade física [que mundo louco] em nome dos pobres.
Não pode ser atacado por loucos fanáticos", declarou o vereador.
Mesma situação do vereador Milton Ferreira (Podemos), que é médico e emitiu
um comunicado oficial nas redes sociais dele anunciando o fim do apoio à
comissão protocolada por Rubinho Nunes (União Brasil).
"Não consta em nenhum documento que essa CPI seria para atingir o Padre
Júlio Lancellotti, no qual o conheço e tenho grande apreço. Sei que não recebe
quaisquer verba pública para realizar seu trabalho. Diante dos fatos, já pedi a
retirada de minha assinatura dessa CPI e expresso meus sinceros votos de estima
e consideração ao prezado Padre Júlio", escreveu Ferreira.
CPI enterrada
Com essas quatro novas adesões,
o requerimento de 25 assinaturas agora tem apenas 17 apoiamentos.
Embora não seja possível retirar assinaturas do requerimento já protocolado, a
proposta não atinge politicamente o número mínimo de apoios políticos exigido
pelo regimento interno da Câmara para colocar um projeto de criação da CPI em
votação no plenário da Casa (mínimo é de 19 assinaturas/apoios).
Isso significa que a proposta deve continuar na fila de 45 pedidos de CPIs
já protocoladas na Casa nesta Legislatura e não deve ser escolhida, a partir de
1º de fevereiro, no Colégio de Líderes, para ser uma das três CPIs instaladas
no primeiro semestre de 2024 na Câmara.