A saída do
senador Cid Gomes (CE) do PDT e sua filiação ao PSB, impossibilitará dois
acordos que vinham sendo costurados pelo grupo do ex-ministro Ciro Gomes, tendo
em vista as eleições municipais: uma possível federação entre as siglas e o
apoio do PSB à reeleição do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), que é
desafeto de Cid.
De acordo com informações do jornal O Globo, junto ao senador, 43 prefeitos de
seu grupo também migrarão para o PSB, o que faz com que a necessidade de uma
federação por parte do PSB caia por terra, já que a aliança teria como
principal intuito garantir o atingimento da cláusula de barreira.
Ainda conforme a publicação, há a expectativa de que o quadro ganhe outros dez
deputados estaduais aliados de Cid que já entraram na Justiça e aguardam a
validação de suas cartas de anuência — documento que permitirá o desembarque do
PDT, sem a perda de mandato.
Nos bastidores, aliados acreditam que os parlamentares terão o aval judicial,
visto que o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão,
conseguiu a desfiliação e agora está filiado ao PT.
INDECISÃO
Os quatro deputados federais que compõem a
bancada pedetista, no entanto, ainda não manifestaram intenção de deixar o
partido de Ciro.
“Os quatro federais vão continuar no partido, vamos ver como o partido vai
tratar a gente este ano. Se vão colocar a gente nas comissões importantes ou
nos deixar no ostracismo. Se vão dar as lideranças para os deputados, tem que
ver como vão tratar os deputados do Ceará. Eu, por exemplo, estive toda vida na
CCJ, agora vão me tirar da comissão?”,disse Eduardo Bismarck.
As divergências internas entre Cid e Ciro começaram em 2022, quando os dois
irmãos divergiram sobre quem encabeçaria a chapa ao governo do estado. O
senador pleiteava o nome da ex-governadora Izolda Cela, mas o ex-ministro
insistiu no ex-prefeito Roberto Cláudio, que acabou em terceiro lugar na
disputa. Como resultado desta briga inicial, Izolda saiu do partido. No segundo
turno, Cid quis declarar apoio ao atual governador Elmano de Freitas, mas Ciro
não quis se atrelar ao PT.
Após as eleições, o partido de Lula seguiu sendo motivo de discórdia entre os
Ferreira Gomes. Em outubro do ano passado, os dois quase chegaram as vias de
fato em uma reunião do PDT no Rio por conta do apoio da legenda ao governo
petista no Planalto. Enquanto Ciro quer ser oposição, Cid defende ser base.
Nos últimos dois meses, o grupo de Cid foi sondado por alguns partidos.
Inicialmente, o PT era a sigla tida como preferida pelo senador, mas dirigentes
e filiados estaduais da legenda afirmaram que não há espaço para acomodar todos
os aliados do parlamentar. Além de PSB e PT, o grupo de Cid recebeu convites de
Podemos, Solidariedade e PSDB. No caso desses partidos, foi considerado que não
havia tanta afinidade ideológica.
Além dos quatro deputados federais que seguirão no PDT, Cid perdeu aliados ao
longo do caminho. Sete parlamentares migraram para o PT, enquanto a prefeita de
Limoeiro do Norte, Dilmara Amaral, foi recrutada pelo Republicanos.
A guerra interna entre os irmãos tem gerado outros entraves no PDT, como a
definição de pré-candidaturas a prefeito. Até o momento, em todas as capitais
do país, apenas três nomes foram efetivamente lançados: a deputada federal Duda
Salabert, em Belo Horizonte; a deputada estadual Juliana Brizola, em Porto
Alegre; e o deputado estadual Goura, em Curitiba.