Os
termômetros em diversos estados brasileiros devem registrar temperaturas acima
dos 40º a partir desta sexta-feira (15). O Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet) emitiu um alerta sobre a nova onda de calor - nona do ano - que deve
durar até o próximo domingo (17) abrangendo, além do Oeste baiano, a maior parte do Centro-oeste
e Sudeste do Brasil e em áreas das regiões Norte e Nordeste. No total, 11
estados devem ser afetados.
De acordo
com a secretária-executiva do Conselho Multifinalitário do Oeste da Bahia
(Consid), Erika Seixas, a situação vem sendo monitorada de perto pela entidade
que reúne 22 dos 35 municípios da região que concentra a maior parte do
agronegócio na Bahia e representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB)
estadual. Ao Bahia Notícias, Erika ponderou que ações vêm sendo adotadas há um
tempo a fim de mitigar os impactos na região.
“Durante
todo esse período a gente vem acompanhando. Todos os alertas que nós recebemos,
nós encaminhamos imediatamente para os gestores, para os secretários de Meio
Ambiente e para os secretários de Agricultura com o intuito de mobilizar o
maior número possível de gestores e aumentar o informativo, para a população,
para as medidas necessárias de mitigação desses danos”, destacou a
secretária-executiva do Consid.
A atenção
principal é com relação às queimadas. A região do Oeste, tradicionalmente,
sofre com o aumento de ocorrências deste tipo devido ao seu bioma, à falta de
chuvas e às altas temperaturas durante o verão.
“Nós
estamos em uma região que tem um elevado número de queimadas e durante esse
período isso se torna muito mais grave. Então, a gente aumenta esse alerta
junto à população, junto a secretarias. A gente faz, com os municípios, a
publicação de medidas paliativas, de controle e de prevenção para,
principalmente, reduzir a possibilidade de queimadas”, destacou Erika.
Devido às
queimadas, o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM) em parceria com a
Secretaria do Meio Ambiente (Sema) lançaram, em agosto, a Operação Florestal
Bahia 2023. Dados do Corpo de Bombeiros, até esta quarta-feira (13), as sedes
em Barreiras, Bom Jesus da Lapa e Luís Eduardo Magalhães, responsáveis por
cobrir boa parte do Oeste baiano, registraram, juntas, mais de 300 casos de
incêndios.
De acordo
com a secretária-executiva do Consid, por conta do calor, algumas prefeituras
modificaram os seus horários de atendimento, a fim de reduzir um desconforto
térmico. Além disso, aumentaram os alertas, principalmente nas regiões de zona
rural. O combate e o trabalho de educação preventiva para controle e combate de
queimadas e estudos de tecnologias e alternativas de enfrentamento à seca
também vêm sendo adotadas.
ARIDEZ
Esse
fenômeno é uma característica do clima que resulta do déficit hídrico gerado
pela falta da precipitação (chuva) média e diante da evapotranspiração, que é
um processo pelo qual a água é perdida da superfície do solo e das plantas em
forma de vapor.
É
considerada aridez, quando uma região recebe menos 800 mililítros (mm) de
chuva, em média, num ano. Para se ter uma ideia, nas últimas três décadas, boa
parte do território baiano oscilou entre 1200 a menos de 600 mm. Os dados são
de um estudo elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden),
entidades vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Confira o
gráfico abaixo:
Um índice
de aridez é um indicador numérico do grau de secura do clima em uma determinada
região. Esses indicadores servem para identificar, localizar ou delimitar
regiões com variável déficit de água disponível, condição que pode afetar
severamente o uso efetivo da terra para atividades como agricultura ou pecuária
e que, no longo prazo, podem levar a desertificação.
TEMPERATURA
SUBINDO
De acordo
com o Inmet, até novembro de 2023, oito ondas de calor atingiram o Brasil, com
destaque para os dias 8 e 19 de novembro, devido ao número de dias consecutivo,
e ao recorde de temperatura de 44,8°C, ocorrido em Araçuaí (MG), no dia 19,
sendo a maior temperatura já registrada nas estações meteorológicas do Inmet,
superando os 44,7°C, ocorridos em Bom Jesus (PI), em novembro de 2005.
Porém a
boa notícia é que nem todas as áreas podem ter máximas acima dos 35°C em função
da maior nebulosidade e umidade. Entretanto, o tempo fica muito abafado. O
Sul do país, por exemplo, deve enfrentar pancadas de chuva até a próxima
segunda, mas pode haver granizo nesse meio tempo.
“Nos
próximos dias, com o aumento das temperaturas e a presença de umidade ao longo
da atmosfera é comum a formação de áreas de instabilidade, que podem provocar
temporais isolados, com rajadas de vento acima de 70km/h, granizo e chuva
localmente forte, principalmente entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
condição que começa já nesta quarta-feira (13) e deve se estender até o fim de
semana”, dizia a nota do Inmet.
O instituto
ainda pontuou que, no domingo (17), com a aproximação de uma frente fria, é
esperado o pico do calor durante a tarde na maioria das regiões, com a
influência do vento quente e úmido de noroeste, que vai favorecer a ocorrência
de temporais em grande parte do Sul do Brasil.
Já na
segunda-feira (18), com o deslocamento da frente fria, aumento de umidade e a
virada dos ventos de sul a sudeste, as temperaturas devem cair, especialmente
na região Sul, cessando a onda de calor, e, inclusive, trazendo temperaturas
amenas para esta época do ano.