Foto:
Marcello Casal/Agência Brasil
Um total de
10,9 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos de idade não estudavam e
nem trabalhavam ao final do ano de 2022. Essa quantidade de jovens representa
22,3% das pessoas que se situam nesta faixa etária no Brasil. Esses dados foram
revelados esta quarta-feira (6) pela pesquisa Síntese de Indicadores Sociais,
divulgada pelo IBGE.
Esse grupo
de jovens que não trabalham e não estudam são conhecidos como “geração
nem-nem”. Recentemente, o relatório Education at a Glance 2022 em parceria com
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)o revelou que o
Brasil é o segundo país em todo o mundo, de um total de 37 analisados, com a
maior proporção de jovens que não estudam ou trabalham.
O
levantamento apresentado nesta quarta pelo IBGE corrobora as informações do
relatório Education at a Glance. A pesquisa do IBGE mostra que em 2022, 4,7
milhões de jovens não procuraram trabalho e nem gostariam de trabalhar. Entre
esses jovens, dois milhões eram mulheres cuidando de parentes e dos afazeres
domésticos.
Do total de
10,9 milhões identificados pelo IBGE como jovens na categoria “nem-nem”, 61,2%
eram pobres, com renda domiciliar per capita inferior a US$ 6,85 por dia, e
14,8% eram extremamente pobres, com renda domiciliar per capita abaixo de US$
2,15 por dia, de acordo com as linhas de pobreza do Banco Mundial. No Nordeste,
75,5% dos jovens que não estudam e não se encontram ocupados estavam na pobreza
e 22,5% na extrema pobreza.
Entre esse
contingente de jovens que não estudavam nem estavam ocupados em 2022, 43,3%
eram mulheres pretas ou pardas, 24,3% eram homens pretos ou pardos, 20,1% eram
mulheres brancas e 11,4% eram homens brancos.
A redução
do número de jovens que não estudam e não estão ocupados foi inferior à do
total de jovens e, por isso, a taxa de jovens nesta condição não foi a menor da
série. As menores taxas ocorreram em 2012 (21,8%) e 2013 (22,0%). A taxa de
2022 (22,3%) foi a terceira menor da série.
De acordo
com o estudo, a explosão da pandemia de Covid-19 levou a proporção de jovens
“nem-nem” a saltar de 24,1% em 2019 para 28% em 2020. Desde então, o número
registrou duas quedas seguidas até chegar a este patamar verificado em 2022.
Para a
analista do IBGE responsável pelo levantamento, Denise Guichard, essa é uma
medida mais rigorosa de vulnerabilidade juvenil do que a taxa de desocupação,
pois abrange aqueles que não estavam ganhando experiência laboral nem
qualificação, possivelmente comprometendo suas possibilidades ocupacionais
futuras.
“O
indicador inclui simultaneamente os jovens que não estudavam e estavam
desocupados, que buscavam uma ocupação e estavam disponíveis para trabalhar, e
aqueles que não estudavam e estavam fora da força de trabalho, ou seja, que não
tomaram providências para conseguir trabalho ou tomaram e não estavam
disponíveis”, afirma Denise Guichard.
Por nível
de instrução, entre os jovens fora da escola e do mercado de trabalho com até o
ensino fundamental incompleto, 23% eram extremamente pobres e 77,1% pobres.
Dentre os que tinham ensino fundamental completo ou médio incompleto, eram
19,1% e 72,5%, respectivamente.