Foto: Tomaz
Silva / Agência Brasil
A Federação
da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) anunciou, nesta
segunda-feira (4), um alerta para a previsão de queda na economia em detrimento
da estiagem que atinge todo estado, em especial, a região semiárida. Ao
Bahia Notícias, o presidente da Faeb, Humberto Miranda, explica que o problema
da seca já é característico de algumas regiões baianas e foi agravado pelo
calor excessivo e falta de chuvas durante o ano.
Miranda
afirma que os impactos são assegurados, no entanto, a dimensão das reduções
dependem de uma possível normalização climática no verão. “Eu não tenho dúvida
de que, quando cai a produção, cai o PIB do Estado, as coisas estão diretamente
ligadas uma com a outra. Ainda depende da continuidade do sol ou da chuva. Lá
pra março nós poderíamos dar um número mais responsável para atribuir à queda
do PIB, mas com certeza absoluta vai ter queda no PIB em relação ao ano
anterior”, reitera.
Em 2023, o
Instituto Nacional de Meteorologia, o Inmet, alertou para os impactos do El
Ninõ nas temperaturas e previsões climáticas no Brasil. O El Ninõ se dá pela
alteração das temperaturas marítimas do Oceano Pacífico que gera impactos
significativos no clima sul-americano, e, no Brasil, pode se refletir em
grandes tempestades na região Sul e o agravamento da seca nas regiões Norte e
Nordeste. Justamente o aumento das temperaturas e a seca foram responsáveis por
reduções nas atividades agropecuárias, que já se refletem na economia.
Apesar das
expectativas para o retorno das chuvas, as expectativas não são boas: os
impactos do El Ninõ ainda perduram durante esse final ano e no início de 2024.
Sobre o impacto das reduções produtivas, em especial, a produção dos itens
básicos como leite, café e carne na economia do estado, o presidente da Faeb
ressalta que os efeitos do desequilíbrio na produção agropecuária devem ser
sentidos, principalmente a partir do primeiro trimestre de 2024.
“É uma
coisa diretamente correlacionada. Se tem seca, os produtos vão ficar escassos e
a demanda continua, então os produtos como feijão, a cebola, que já chegou a
30% de perda em Irecê por conta das altas temperaturas, e o leite e outros
produtos da cesta básica que acabam subindo pela diminuição da produção. É
quase um efeito imediato do pós-seca, o aumento da cesta básica”, afirma.
No entanto,
o número de produtores afetados pela queda de produtividade também gera
preocupação na Federação. “Os pequenos produtores, sem dúvida são os mais
afetados. A imensa maioria das pessoas afetadas de forma mais dramática são os
pequenos produtores, às vezes é até agricultura de subsistência. Ele faz a
feira com o que ele produz, com o leite que ele tira, a banana que ele colhe, e
vai para os centros urbanos vender e desse dinheiro ele tira o aporte para
sustentar a sua família”, detalha.
Humberto
também projeta os impactos da contração do mercado de trabalho proveniente das
grandes empresas: “O desemprego também porque o que movimenta a economia do
interior é o campo, e isso pode aumentar as taxas de desemprego no Estado que
já não são boas, inclusive levando a migração para as periferias das grandes
cidades.”
A Faeb
afirma ainda que está buscando o apoio das iniciativas públicas e privadas na
região, na tentativa de minimizar as implicações sociais da seca. “Do governo,
nós temos cobrado justamente o fornecimento de cestas básicas e o fornecimento
de água e criação de poços; já o governo federal, estamos buscando os bancos
oficiais, para a criação de um crédito de emergência, como já aconteceu em
outras secas no passado; cobramos também prorrogação das dívidas e
comercialização de milho pela Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], com
um preço mais barato que o de mercado; enquanto da iniciativa privada
incentivamos a doação de produtos como ração para o gado e instrução para os
pequenos produtores, com treinamentos.”
O órgão
alega que essas ações são paliativas para manter o funcionamento do trabalho
agrícola, já que a melhora no panorama de produção, no momento, depende do
equilíbrio climático durante os próximos meses. A Faeb prevê ainda que o
agravamento da estiagem por mais um trimestre pode comprometer toda economia
agrícola do primeiro semestre de 2024.