O estado
mais negro do Brasil, com mais de 80% da população se considerando preta ou
parda, também se destaca pela desigualdade. A Bahia possui 83,2% do
total de domésticos sem carteira em todo o estado.
O
desemprego, a informalidade e o desalento tendem a atingir mais fortemente a
população negra do que a branca, de acordo com um levantamento feito pela
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) para o Dia da
Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira (20).
No ano
passado, na Bahia, os negros representavam 81,3% da força de trabalho (soma de
ocupados e desocupados), mas, ao mesmo tempo, eram 85,3% dos desocupados, 84,9%
dos desalentados e 84,3% dos subutilizados. O estudo da SEI teve como base
os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2022.
O
levantamento ainda aponta que a taxa de desocupação das pessoas com 14 anos ou
mais de idade na Bahia foi de 14,3% em 2022, sendo que a taxa foi de 15,0%
entre pessoas negras e de 11,5% entre pessoas brancas.
Além disso,
a desocupação atingiu 19,1% das mulheres negras na força de trabalho
correspondente no estado, o que, de acordo com a SEI, representa “maior
dificuldade para as negras do que para as brancas (15,3%), os homens negros
(11,9%) e os homens brancos (8,6%)”.
Em 2022,
entre os ocupados na Bahia, 53,5% eram considerados informais (conjunto formado
por empregado do setor privado sem carteira, trabalhador doméstico sem
carteira, empregador sem CNPJ, trabalhador por conta própria sem CNPJ e
trabalhador familiar auxiliar).
INFORMALIDADE
E DESALENTO
A
informalidade afetou 50,0% dos brancos e 54,1% dos negros. A desigualdade
persistia quando se adicionava o recorte por gênero, mas colocava os homens
negros na situação mais desfavorável nesse contexto, com uma taxa de
informalidade de 55,5%.
O
levantamento da SEI ainda aponta que o grau de informalidade foi de 53,0% para
os ocupados brancos, 52,0% para as ocupadas negras e 45,8% para as ocupadas
brancas.
Já o
desalento possui taxa de 11,8% na Bahia em 2022, também costuma atingir mais
intensamente pessoas negras (12,7%) do que brancas (8,3%). O desalento é
descrito pela SEI como “situação daqueles fora da força de trabalho que estavam
disponíveis para assumir um trabalho, mas não tomaram quaisquer providências
por razões específicas de mercado”.
A
desagregação adicional por gênero indicou a continuidade do desequilíbrio por
raça ou cor no ano analisado, já que o desalento foi maior para homens negros
(15,1%) do que brancos (11,0%) e maior para negras (11,4%) do que para brancas
(6,8%).