Os rendimentos dos títulos
do Tesouro americano registraram queda novamente e deram força aos negócios
locais. Nesta terça-feira (24), os títulos de dez anos foram de 4,85% para
4,81%, fazendo o dólar cair para R$ 4,99 e a Bolsa brasileira retomar os 113
mil pontos.
O arrefecimento dos títulos americanos, conhecidos como
"treasuries", costuma pesar contra o dólar e beneficiar ativos de
risco pois diminui a atratividade da renda fixa americana, favorecendo a
alocação de recursos em mercados mais arriscados, como a renda variável e
países emergentes.
Além disso, o Ibovespa também foi impulsionado por altas
de Vale e Petrobras, as duas maiores empresas da Bolsa. Enquanto a mineradora
foi beneficiada pela alta do minério de ferro no exterior, a petroleira passou por
recuperação após forte tombo de mais de 6% na segunda (23).
Com isso, o índice terminou o dia subindo 0,86%, aos
113.761 pontos, segundo dados preliminares.
No câmbio, investidores ainda aguardam dados sobre a
economia americana, em especial números de inflação, para alinhar apostas sobre
uma possível nova alta de juros nos EUA, o que poderia impulsionar o dólar.
Alguns agentes do mercado citaram, ainda, um fluxo
positivo de divisas para o país, por parte de exportadores, para justificar o
recuo da moeda norte-americana. Além disso, havia a influência de expectativa
sobre novos estímulos econômicos na China.
No início da sessão, o dólar chegou a sustentar ganhos
ante o real, em sintonia com o exterior, onde os rendimentos dos Treasuries
voltaram a subir. Os títulos de dez anos superaram novamente os 5%, o que dava
força ao dólar ante outras divisas. Na máxima do dia, a moeda americana chegou
a bater R$ 5,030.
O avanço, no entanto, durou pouco tempo. Com a perda de
força dos títulos no exterior, a moeda também se enfraqueceu ante várias outras
divisas e migrou para o negativo no Brasil, fechando a sessão cotado a R$
4,992, numa queda de 0,46%.
"Tanto o [título] de dez anos quanto o de 30 anos
renovaram mínimas intradia [nas taxas]. Então, isso se refletiu em fluxo [de
dólares] para o mercado de capitais [brasileiro], mas em fluxo comercial
também, com receita de exportador", comentou Fernando Bergallo, diretor da
assessoria de câmbio FB Capital.
Na segunda (23), a Bolsa brasileira registrou queda de
0,32% e fechou aos 112.784 pontos, puxada pelo recuo das ações da Petrobras.
Os papéis da petroleira, por sua vez, desabaram após o
anúncio de uma proposta de mudança no estatuto social da companhia, com a
criação de uma reserva de remuneração do capital e alterações em sua política
de indicação de executivos.
O preço do petróleo também não ajudou: o barril do Brent,
referência mundial do produto, caiu 2,5%, a US$ 89,83, com alívio de
investidores sobre o conflito entre Hamas e Israel.
Os preços do petróleo caíram mais de 2% nesta
segunda-feira, à medida que os esforços diplomáticos no Oriente Médio se
intensificaram na tentativa de conter o conflito entre Israel e o Hamas,
aliviando as preocupações dos investidores sobre possíveis interrupções no
fornecimento.
Com isso, a Petrobras terminou o dia com queda de 6,34% em
suas ações preferenciais, que foram as mais negociadas da sessão, e de 5,78%
nas ordinárias.
As ações da Vale, a maior empresa da Bolsa brasileira,
também caíram e puxaram o Ibovespa para baixo, acompanhando os preços do
minério de ferro no exterior.
No câmbio, o dólar caiu 0,29% e fechou cotado a R$ 5,016,
acompanhando a queda nos rendimentos dos títulos americanos. Os chamados
"treasuries" recuaram de 4,91% para 4,84%, após terem ultrapassado o
patamar de 5% pela manhã.
A queda dos treasuries costuma pesar contra o dólar pois
diminui a atratividade da renda fixa americana, considerada um dos ativos mais
seguros do mundo, fazendo com que investidores realoquem seus recursos para
mercados de maior risco.
Nos EUA, os principais índices de ações tiveram direções
mistas: o Nasdaq subiu 0,27%, enquanto o S&P 500 caiu 0,17%.