Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria receber o próximo Prêmio Nobel da
Paz, pelos acertos na forma como está conduzindo esforços diplomáticos de paz
diante do conflito entre Israel e o Hamas, e pela bem sucedida operação de
repatriação de brasileiros que se encontram na região conflagrada. A opinião
foi dada ao Bahia Notícias pelo senador Otto Alencar, do PSD da Bahia.
“Na minha
opinião, o presidente Lula está acertando em tudo, até porque ele é um
pacificador. Em um julgamento justo, o presidente Lula deveria ganhar esse
Prêmio Nobel da Paz que virá agora. Ele está fazendo o possível para atenuar o
problema na região, para pacificar esse conflito tão complicado que está
acontecendo”, disse o senador baiano.
A
diplomacia brasileira tentou nesta semana aprovar uma resolução no Conselho de
Segurança da ONU que pedia a condenação dos ataques terroristas do Hamas e
também exigia o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. A proposta formulada pelo
Brasil pedia a libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis,
que todos os lados cumprissem com suas obrigações diante das leis
internacionais para garantia de direitos humanos, além do restabelecimento de
corredores humanitários e outras iniciativas de auxílio a civis. Também
constava na resolução a exigência de provisão contínua de bens e serviços
essenciais a civis, “incluindo eletricidade, água, combustível, comida e
suprimentos médicos”.
O texto
apresentado pelo Brasil recebeu 12 votos e duas abstenções entre os 15 países
membros do Conselho de Segurança da ONU. A resolução só não foi aprovada devido
ao veto dos Estados Unidos, que protestou contra falta de menção do direito de
Israel de se defender dos ataques do Hamas. Como os EUA são um membro
permanente do Conselho de Segurança, possuem poder de veto, e inviabilizaram a
proposta liderada pelo Brasil.
Ao
participar de audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, corroborou a opinião dada pelo
senador Otto Alencar sobre a atuação de destaque do Brasil na tentativa de
pacificar o conflito no Oriente Médio. O chanceler afirmou que o esforço
brasileiro no Conselho de Segurança da ONU deveria ser visto como bem sucedido,
já que, segundo ele, é difícil alcançar um número de votos suficientes para a
aprovação de uma resolução.
“Não temos
uma resolução aprovada no Conselho de Segurança desde 2016, e na maioria das
vezes não há número suficiente de votos. Só se produz o veto se há condições de
a proposta ser aprovada. Foi um caso único. Foi uma vitória diplomática
brasileira ter conseguido reunir 12 países que uniram forças com o Brasil. É
uma grande conquista”, salientou o ministro do chanceler.
Ao Bahia
Notícias, o senador Otto Alencar afirmou que a ONU e os Estados Unidos seguem
errando e dando munição para a permanência dos conflitos na região ao não
reconhecerem o Estado Palestino.
“O problema
no Oriente Médio não é pela religião, é uma disputa pela posse da terra, que
começou na formação do Estado de Israel, que aconteceu em 1948, logo depois da
Segunda Guerra Mundial, depois do povo de Israel ter sofrido o que sofreu com
Hitler, com o Holocausto, o que cortou o coração da humanidade. Mas, depois
disso, acho que, ao meu ver, a ONU e também os Estados Unidos não tiveram a
capacidade de reconhecer o Estado Palestino como deveria acontecer, tanto na
faixa de Gaza como na Cisjordânia. Isso é um erro da ONU, que eu considero
muito grave, que deixa de estabelecer os critérios para uma convivência
harmônica e respeitosa”, afirmou o senador.
Otto
Alencar disse ainda não entender como na região onde nasceu Jesus Cristo possa
haver tanta falta de tolerância, tanto radicalismo e tamanha violência que deixa
como vítimas principalmente pessoas inocentes, crianças inclusive.
“Eu sou
católico, leio muito a Bíblia, tenho fé muito em Deus e Jesus Cristo, nos
santos católicos também. E fico às vezes a imaginar como que na Terra onde
nasceu Jesus Cristo, onde Ele cresceu, onde Ele viveu, onde Ele pregou o
Evangelho, possa ter essa violência tão bárbara, que possa assassinar pessoas
inocentes e continuar isso sem uma solução. E não falta inteligência ao povo
judeu. Não falta inteligência ao povo palestino. Como é que não conseguem
encontrar a paz?”, questionou o senador Otto Alencar.