O governo de Israel
autorizou, nesta segunda-feira (9), que o Brasil resgate cidadãos brasileiros
que estão no país em meio ao maior conflito na região em cerca de 50 anos. O
primeiro voo de Tel Aviv deve chegar em Brasília à 1h de quarta-feira (11); e o
último, às 23h de sábado (14).
O Itamaraty informou que a primeira aeronave
que realizará a missão está em Roma, na Itália, de onde seguirá para Israel. Já
segundo avião partiu de Brasília na tarde desta segunda.
A Força Aérea Brasileira informou que 900
brasileiros devem ser repatriados até sábado. A operação poderá ser repetida na
próxima semana, caso haja necessidade.
O governo brasileiro também estuda formas de
retirar cidadãos brasileiros de territórios palestinos, em particular através
do Egito, Jordânia e Líbano. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, há
25 brasileiros na Faixa de Gaza que entraram em contato com o Itamaraty
solicitando a repatriação.
O conflito começou com ataques do grupo
terrorista Hamas sobre o território israelense a partir da Faixa de Gaza no
último sábado (7). Os ataques dispararam uma violenta resposta dos israelenses.
Já são mais de mil mortos dos dois lados, até o momento.
O Itamaraty informou que, até esta manhã,
1.700 brasileiros já haviam solicitado repatriação, sendo a maioria turistas
hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém. Eles estão entrando em contato com a
embaixada brasileira em Tel Aviv por meio de um formulário online.
De acordo com uma programação prévia divulgada
pela FAB (Força Aérea Brasileira), serão cinco voos de repatriação, quatro
deles com capacidade para 210 pessoas e um, menor, para 60 passageiros.
Restarão ainda 800 brasileiros em território israelense, que podem tanto ser
resgatados em ocasiões futuras ou tentar voltar por voo comercial.
"Face à incerteza quanto ao momento em
que poderão ocorrer os voos de repatriação, o Ministério das Relações
Exteriores reitera recomendação de que todos os nacionais que possuam passagens
aéreas, ou que tenham condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais do
aeroporto Ben-Gurion (Tel Aviv), que continua a operar", disse o
Ministério de Relações Exteriores.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro
Marcelo Damasceno, informou em evento na Base Aérea de Brasília que o país tem
capacidade para repatriar 900 pessoas a cada cinco dias. Ele ressaltou que esta
será a maior operação de repatriação da história do Brasil -o recorde anterior
pertencia àquela ocorrida no Líbano, quando foram repatriadas 300 pessoas.
Damasceno afirmou que os voos brasileiros
foram programados para decolar do aeroporto Ben-Gurion sempre às 18h do fuso
local, obedecendo a uma divisão de horários, ou "slots", estabelecida
pelas autoridades israelenses para que cada país possa executar suas tarefas de
repatriação.
O comandante da Aeronáutica afirmou que não
deve haver dificuldades para negociar os slots para a próxima semana, se
necessário. Mas, acrescentou, pelo menos para os próximos cinco dias os voos
estão garantidos.
"Nós estamos com o slot cravado, para a
decolagem ao 12h [do Brasil, 18h na capital israelense]. E logicamente há um
passeio de meia hora pra cá, meia hora pra lá, é um avião muito grande. A
operação não é simples, com toda a parte de apoio à aeronave. Mas a tripulação está
informada da importância da manutenção desses horários para que a gente possa
dar a liberação dos espaços para as outras aeronaves também", afirmou.
As ações do governo no conflito foram
discutida nesta manhã em videoconferência de ministros com o presidente Lula
(PT), que está em recuperação após cirurgias realizadas no último dia 29. Esta
foi a primeira agenda oficial do petista desde que ele foi operado.
PALESTINA
Em relação à retirada de brasileiros de
territórios palestinos como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, Damasceno afirmou
que se trata de uma operação mais difícil e que as possibilidades ainda estão
sendo analisadas. Estuda-se ainda a repatriação por meio de outros países da
região, sobretudo Egito, Jordânia e Líbano.
"Estamos coordenando as listas com o
MRE [Ministério das Relações Exteriores]. Falamos de brasileiros no Oriente
Médio, brasileiros que estão precisando regressar ao Brasil, independente de suas
crenças, de suas atividades e locais de moradia", afirmou. "Nossa
ideia é que a cooperação atinja a totalidade daqueles que queiram
regressar."