Em visita à Bahia, o
ministro da Justiça, Flávio Dino, falou em “armamentismo
irresponsável”, uma temtática importante da gestão de
segurança pública no estado. Esse ano, com recorde de fuzis apreendidos, 48 no
total, a Secretaria de Segurança Pública também efetuou cerca de 50 prisões por
dia no estado, resultados que não acompanham a escalada da violência e a
crescente sensação de insegurança.
Entre as 12 cidades baianas listadas no Anuário Brasileiro
da Violência, oito possuem menos de 200 mil habitantes e dentre essas, a
maioria está localizada fora do circuito direto da capital baiana, a Região
Metropolitana ou o Recôncavo. Os dados, quando cruzados, apontam para a
realidade vivida pelo interior do estado.
Para o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia,
Felipe Freitas, “a violência é um fenômeno complexo que de fato vem se
interiorizando no Brasil". "Há uma migração de organizações
criminosas para cidades do interior e o motivo também é complexo: tem haver com
a diversificação econômica e com determinados processos que foram agravados
pelo armamentismo e também pelo grave colapso social durante o governo
Bolsonaro nos últimos quatro anos”, explica.
Jequié, município até então pacato do sudoeste baiano,
entrecortado pelas BRs 116 e 330, despontou, no ano passado, como o mais
violento entre entre as cidades brasileiras, tendo apenas cerca de 158 mil
habitantes. Quando comparamos Salvador e Jequié, os números referentes a Mortes
Violentas Intencionais (MVI)*, soma das vítimas de todos os tipos de mortes
violentas analisadas, são cerca de 25% maiores na Cidade do Sol.
Esta semana, mais um caso no município acendeu o alerta
para as autoridades policiais, uma chacina com seis mortos da mesma
família, todos pertencentes a uma comunidade de ciganos da região. Estes casos,
segundo Freitas, se caracterizam pela espetacularização. “A espetacularização
da violência é sempre uma prática que vulnerabiliza mais as populações
excluídas”, afirmou. Também é possível apontar a violência armada como padrão
em episódios como estes.
De acordo com a Polícia Civil, entre 1º de janeiro e 15 de
setembro foram apreendidas 3.846 armas na Bahia contra as 451 apreensões em
Salvador. E os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) foram contabilizados
nos dez primeiros meses do ano, entre 1º de janeiro e 1º de outubro, foram um
total de 3.708 no interior do estado e outros 2.455 contabilizados na capital.
Os números apontam para uma circulação proeminente de drogas e armas,
principalmente, no interior da Bahia, que resultam nos altos índices de crimes
violentos no interior e em Salvador.
Em relação ao enfrentamento da violência, o secretário da
SJDH argumenta que a prioridade do governo serão as ações de inteligência. “O
que existe é um investimento em inteligência, desfinanciamento das organizações
criminosas, com investigação de excelência e o envolvimento da Polícia Federal,
no combate aos crimes de lavagem de dinheiro, de extorsão, que são praticados
pelas grandes organizações criminosas, para que possamos, com cada vez menos
confrontos e mais eficiência, limitar a articulação de armas no estado”.
Anunciadas pelo ministro da Justiça em reunião com o
governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, nesta quinta-feira (5), as novas políticas de enfrentamento a violência
já Bahia já possuem o orçamento milionário de mais de R$ 220 milhões.