Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Mesmo após a pandemia, apenas
58% das escolas brasileiras de ensino fundamental e médio possuem computadores
e internet para os alunos. A maior parte dessas instituições de ensino (94%)
têm alguma conexão à rede, mas não com qualidade suficiente para ser utilizada
pelos estudantes como ferramenta educacional.
Os dados fazem parte da pesquisa
TIC Educação 2022, divulgada nesta segunda (25). O estudo é feito anualmente
desde 2010 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que reúne representantes
governamentais e da sociedade civil para estabelecer as diretrizes do uso da
internet no país. Para esta edição, foram realizadas 10.448 entrevistas
presencialmente, entre outubro de 2022 e maior de 2023 com gestores,
coordenadores, professores e alunos de 1.394 escolas públicas e particulares.
O levantamento deixa claro que a
realidade das escolas brasileiras é a de um acesso precário à internet. Apenas
52% das escolas estaduais possuem mais de 50 Mbps de velocidade em seu
principal ponto de conexão. Para se ter noção do que isso representa, a
velocidade ideal para se utilizar a internet como ferramenta pedagógica é de 1
Mbps por aluno (considerando o turno com mais estudantes), de acordo com o
Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação, formado por órgãos
governamentais, operadoras, empresas de tecnologia e ONGs. No caso das
particulares, são 46% as que tem mais de 50 Mbps, e no das municipais, somente
29%.
Os resultados desta edição,
contudo, revelam que houve um avanço pós-pandemia. Em 2020, o número de escolas
estaduais com essa velocidade mais alta de conexão era de 22%, o de
particulares, 32%, e o de municipais, apenas 11%.
O desempenho das escolas estaduais
é melhor também quando se avalia quais instituições possuem, simultaneamente,
computador e acesso à internet para alunos. São 82%, enquanto, nas
particulares, o número é de 73%, e nas municipais, de 43%.
Não se pode, contudo, considerar
que as escolas estaduais são as melhores no uso da tecnologia. Apesar de
lideraram na presença de internet e de computadores, elas são também as
recordistas em reclamações de que o sinal da internet chega com baixa qualidade
na sala de aula e que não suporta muitos acessos ao mesmo tempo.
Engana-se também quem pensa que
os professores não utilizam tecnologia apenas pela falta de internet ou de
computadores. Quase metade deles (46%) revelou que prefere abrir mão desses
recursos porque os alunos ficam mais dispersos.
A falta de formação para a
utilização da tecnologia em atividades educacionais foi citada por 75% dos
docentes. Pouco mais da metade (56%) disse ter participado de algum curso com
esse fim nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.
Já para os estudantes, entre os
motivos para não utilizar internet da escola, a proibição do uso de celular foi
citada por 61%. O fato de a internet não ser utilizada por professores em
atividades educacionais foi mencionado por 64% dos alunos.
A pesquisa também evidencia a
necessidade de se investir em uma educação para o uso das mídias com um dado
alarmante: 61% dos professores disseram ter ajudado alunos a lidar com alguma
situação difícil online, entre elas o uso excessivo de jogos e tecnologia
(46%), ciberbullying (34%), discriminação (30%), disseminação ou vazamento de
imagens sem consentimento (26%) e assédio (20%).