Após a leitura do requerimento para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, se pronunciou a respeito do assunto em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, divulgada nesta quinta-feira (27).

Ao comentar sobre a mobilização interna que ocorre na Câmara dos Deputados para que a instalação da CPI contra o MST seja realizada, Rodrigues afirmou que, caso aprovada, a comissão será “uma perseguição política”.

“Essa CPI [na Câmara] é preventiva sobre o futuro. Não é sobre o passado porque não há fato que a justifique. Nossas ações estão dentro do marco da democracia. Se o Congresso reafirmar essa CPI, será uma perseguição política. Nós vamos judicializar junto ao Supremo Tribunal Federal porque ela é inconstitucional”, declarou.

Questionado se há algum tipo de frustração com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se o movimento entende quem o mandatário possui uma "dívida" com ele, já que o MST permaneceu ao lado do petista durante a campanha eleitoral e a Operação Lava Jato, Rodrigues negou veementemente. 

O coordenador nacional também fez questão de registrar que apesar do bom relacionamento, “nenhum tipo de coleira ou focinheira sobre a organização” por parte do governo Lula será aceita.

“De forma alguma. Lula não tem nenhuma dívida com MST e nem o MST tem nenhuma dívida com Lula. Vamos defender o governo Lula em todos os momentos, não somos vacilões sobre esse aspecto. O governo é nosso, nós ajudamos a construir. Mas o MST tem autonomia em relação ao PT e ao governo. Nós não somos correia de transmissão [do governo] e não aceitamos nenhum tipo de coleira ou focinheira sobre a organização do MST”, concluiu.