A decisão de Lula de não acabar com a isenção das encomendas importadas de até US$ 50 revoltou os setores do empresariado que defendem a taxação dos ecommerces estrangeiros.
O recuo do governo vai desencadear uma onda de desemprego, segundo Mauro Francis, presidente da Ablos (associação que reúne lojas de shoppings). Para ele, o governo desistiu da medida por receio de perder popularidade.
O que é mais impopular: o consumidor pagar R$ 7 ou R$ 15 de um imposto que ele já deveria estar pagando ou ter mais 4 milhões ou 6 milhões de desempregados? Vamos ver o que o governo acha melhor", diz Francis.
Para Synesio Batista, presidente da Abrinq, um dos porta-vozes do movimento de empresários que pede a taxação dos ecommerces importados desde o ano passado, o governo está estimulando a desindustrialização do país.
"Não houve reação negativa da sociedade. Só [reclamação] de rede social. As pessoas não têm a noção de que estão desempregando no país. Não conhecemos as razões. Isso acontece após a volta da viagem à China e temos que respeitar as decisões do governo, mas eu não vi reação negativa da sociedade", afirma o presidente da Abrinq.
Batista defende que, se não tributar os importados, o governo deveria desonerar a produção nacional.
O recuo foi definido por determinação de Lula durante reunião com a equipe econômica na noite de segunda-feira (17). Ele disse que o fim da isenção atingiria a população de baixa renda e classe média-baixa. Também foi apontado que setores de renda mais alta podem viajar ao exterior para efetuar suas compras de produtos importados, com uma cota de até US$ 1.000.
Lula reclamou que a nova medida havia sido anunciada sem o aval da Casa Civil e gerou desgastes na imagem do governo. Um dos termômetros do presidente foi a primeira-dama Janja, que se empenhou nas redes contra críticos da medida e é apontada por aliados como uma das peças no desfecho do impasse.