O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (6), que não vai revogar, mas aperfeiçoar o novo ensino médio, implementado na gestão do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
 

"Esse programa educacional do ensino médio, tal como estava tentando aprimorar. Não vamos revogar. Suspendemos e vamos discutir com todas as entidades interessadas em discutir como aperfeiçoar o Ensino Médio desse país", disse.
 

"E nós vamos suspender por um período até a gente fazer acordo que deixe todas as pessoas satisfeitas com ensino médio nesse país. Não foi revogada. Foi suspensa para que a gente rediscuta com a sociedade brasileira ligada a educação o que que a agente quer para o novo ensino médio", completou.
 

A declaração do mandatário foi feita durante café da manhã com jornalistas na manhã desta quinta no Palácio do Planalto.
 

Pressionado por críticas crescentes de educadores e estudantes, o governo Lula suspendeu a implementação do novo ensino médio em uma portaria publicada no Diário Oficial da União desta semana. A mudança também barra alterações previstas para adequar o Enem.
 

O discurso de Lula reverbera com o do ministro da Educação, Camilo Santana. Ele disse que haverá ajustes no modelo, mas que não há planos para a revogação da medida, como cobram entidades estudantis.
 

A suspensão foi decidida, em grande parte, como forma de amenizar o desgaste que o governo tem sentido com o movimento que pede a revogação da reforma, em vigor desde o ano passado.
 

A decisão do governo vai afetar até 2,9 milhões de estudantes, como mostrou a Folha de S.Paulo.
 

O novo ensino médio foi aprovado em 2017, no governo Michel Temer (MDB), por medida provisória, e o cronograma de implementação foi definido durante o governo Bolsonaro.
 

Em linhas gerais, a política reformulou a grade curricular dos anos finais da educação básica, de forma a prever que 40% da carga sejam destinados a disciplinas optativas organizadas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos. Assim, as disciplinas tradicionais, comuns aos estudantes, ficam limitadas a 60% do currículo.
 

A implementação para os alunos começou em 2022, no 1º ano da etapa, quando todas as redes estaduais do país precisaram se adequar. A maior parte das escolas privadas fez o mesmo.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / EBC