O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira (3), discordar de avaliações negativas sobre o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. Segundo ele, o crescimento da economia vai ser maior do que preveem os "pessimistas".
A declaração ocorreu na abertura de reunião com ministros no Palácio do Planalto, no mesmo dia em que o Boletim Focus divulgou média da projeção do PIB estacionada em 0,9%.
"[Eu] Disse para o Fernando Haddad semana passada que não concordo com avaliação negativa que o PIB vai crescer 0,1%, de que o PIB não sei das quantas", disse Lula aos ministros.
"Vamos ver o que vai acontecer quando a chamada economia micro, pequena e média começar a acontecer nos rincões desse país. Vamos ver o que vai acontecer quando as pessoas começarem a produzir mais, a comprar mais, a vender mais. A gente vai perceber que a economia vai dar salto importante", continuou.
O Boletim Focus é divulgado semanalmente pelo Banco Central, traz as previsões e expectativas de agentes do mercado para indicadores brasileiros.
A declaração também ocorre num momento em que a porcentagem de brasileiros que anteveem uma piora na economia subiu de 20% para 26%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º). Entre os que contam com uma melhora, houve uma queda de 49% para 46%, e 26% dizem acreditar que não haverá mudança nos rumos da atividade econômica.
O desta semana, que mostrou o PIB de 2023 estacionado, ocorre após a apresentação, na última quinta-feira, pela equipe econômica de Haddad no novo marco fiscal. Em seu discurso de abertura da reunião ministerial, Lula disse ainda que o ministro da Economia estava feliz com a proposta.
"Se você olhar para a cara do Haddad, depois do marco regulatório que ele fez, olha a cara dele de felicidade. Significa que ele tá acreditando que vai passar [no Congresso]", afirmou.
A minuta do texto ainda não foi finalizada. Mas ele deve ser protocolado nos próximos dias, segundo o ministro, e o governo poderá incorporar as novas regras à proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024, a ser apresentada até 15 de abril.
O projeto da nova regra, por sua vez, iniciará a tramitação pela Câmara dos Deputados, onde deve ser analisado nas comissões e depois pelo plenário. Se aprovado, o texto seguirá para o Senado.
Se o Senado alterar a versão aprovada na Câmara, o projeto voltará para o plenário dos deputados, que terão a palavra final sobre o conteúdo.
Lula fez uma fala de otimismo com a economia, nesta que foi sua primeira agenda no Planalto, após despachar por mais de uma semana no Palácio da Alvorada durante recuperação de pneumonia. O chefe do Executivo disse ainda discordar de "pessimista".
"Eu ainda não vou dizer o que disse em 2005, que foi motivo de muita chacota por parte da imprensa, quando eu disse 'milagre do crescimento'. Quando a economia brasileira cresceu 5.8% e a imprensa especializada achava que não ia crescer", disse.
"Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando que vá acontecendo. Vai depender muito da disposição do governo, da disposição e do discurso do pessoal da área econômica. Vai depender muito da disposição e do discurso do setor da área produtiva", concluiu.
A reunião desta manhã faz parte de uma rodada de encontros do presidente com ministros por áreas — hoje é com os das áreas produtiva.
Além de Haddad, estão presentes nesta reunião o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Marina Silva (Meio Ambiente), Daniela Carneiro (Turismo), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), André de Paula (Pesca e Aquicultura), Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), José Múcio (Defesa), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), General Gonçalves Dias (GSI), Alexandre Padilha (SRI), Paulo Pimenta (Secom), Jorge Messias (AGU), Vinícius Carvalho (CGU).
No último encontro desse do presidente com ministros no Planalto, Lula fez uma dura cobrança para que não anunciem políticas públicas que não tenham sido apresentadas e recebido o aval da Casa Civil.
O chefe do Executivo afirmou que não quer "propostas de ministros", mas de governo. Em um tom mais duro, sem citar nomes, pediu que os titulares da pasta que sejam autores de alguma "genialidade" as apresentem para recebam o trâmite adequado dentro do governo antes de as tornarem públicas.
"Não queremos propostas de ministros. Todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo, e só será transformada em proposta de governo quando todo mundo souber o que vai ser decidido", afirmou o presidente.
"Por isso que é importante que toda e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República, para que a gente possa chamar o autor da genialidade e possa anunciar publicamente como se fosse uma coisa do governo", completou.