O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar integrantes do seu primeiro escalão para realizar mais entregas e divulgar melhor os feitos do governo, a uma semana de a sua gestão completar cem dias.
 

O mandatário vem pressionando os ministros a apresentarem novas medidas, repetindo que ele tem pouco tempo na Presidência. Nesta manhã, fez a última reunião com auxiliares por setor, desta vez, com áreas produtiva e industrial.
 

De acordo com relatos, ele também disse que é preciso que os ministros divulguem os feitos de suas pastas, porque avalia que essas informações não estão chegando na ponta.
 

O mandatário tem dito que sua gestão tem se ocupado mais de construir programas sociais que foram desmontados pelo antecessor, Jair Bolsonaro (PL), em resposta ao fato de que tudo que foi apresentado são programas reciclados, como Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família.
 

"Na próxima segunda-feira, ao fazer avaliação dos cem dias, vamos ter que anunciar o que a gente vai fazer para frente, porque os cem dias vão fazer parte do passado. A gente vai ter que discutir o que fazer do ponto de vista do investimento na área industrial agrícola, o que a gente vai fazer na área de ciência e tecnologia", disse o petista em discurso no começo da reunião, que foi transmitido pela TV Brasil.
 

Antes de embarcar para a China, na próxima terça-feira (11), Lula fará reunião com os seus 37 ministros, e será apresentado um apanhado de tudo o que foi feito nos cem primeiros dias, além de propostas para o que realizar neste ano.
 

Neste pacote de cem dias, por exemplo, será apresentado o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O programa também será reciclado de gestões anteriores, mas terá algumas novidades, como outro nome.
 

A mudança foi solicitada pelo próprio Lula, em uma outra reunião, também transmitida pela TV Brasil. À época, o mandatário pediu ao ministro Paulo Pimenta (Secom) que bolasse um novo nome para o programa, para mostrar que o governo "está inovando".
 

Há uma preocupação especial de Lula em dar publicidade ao seu governo. A crítica é que o que está sendo feito não está chegando para a população.
 

A cobrança, nesse sentido, recaiu sobre todas as pastas de forma geral: o chefe do Executivo disse querer que todos os ministros apresentem um plano de divulgação das medidas.
 

Na reunião desta manhã, Lula também aproveitou para criticar quem chamou de "pessimista" com a economia brasileira. Ele disse discordar de avaliações negativas sobre o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
 

A declaração ocorreu na abertura de reunião com ministros no Palácio do Planalto, no mesmo dia em que o Boletim Focus divulgou média da projeção do PIB estacionada em 0,9%.
 

"[Eu] Disse para o Fernando Haddad semana passada que não concordo com avaliação negativa que o PIB vai crescer 0,1%, de que o PIB não sei das quantas", disse Lula aos ministros.
 

"Vamos ver o que vai acontecer quando a chamada economia micro, pequena e média começar a acontecer nos rincões desse país. Vamos ver o que vai acontecer quando as pessoas começarem a produzir mais, a comprar mais, a vender mais. A gente vai perceber que a economia vai dar salto importante", continuou.
 

O Boletim Focus é divulgado semanalmente pelo Banco Central, traz as previsões e expectativas de agentes do mercado para indicadores brasileiros.
 

A declaração também ocorre num momento em que a porcentagem de brasileiros que anteveem uma piora na economia subiu de 20% para 26%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º).
 

Entre os que contam com uma melhora, houve uma queda de 49% para 46%, e 26% dizem acreditar que não haverá mudança nos rumos da atividade econômica.