Uma das reuniões mais aguardadas da história do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou com a permanência da taxa selic em 13,75% ao ano. A decisão do Banco Central vinha sendo pressionada pelo governo federal, principalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pedia a diminuição do juros.

 

Com isso, o Brasil mantém a posição de maior pagador de juro do mundo, de acordo com levantamento da Infinity Asset. O país segue no topo do ranking de juros reais, com taxa de 6,94%. O estudo desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses (ex-ante), tendo como referência o Boletim Focus.

 

A decisão manteve a expectativa de especialistas, que não viam espaço para o corte na taxa selic até, pelo menos, o mês de junho. O juros é utilizado, normalmente, para controlar os índices de inflação, que acumulam uma variação de 5,60% nos últimos 12 meses.

 

AS CRÍTICAS DE LULA E RUI COSTA

Em fevereiro, Lula tensionou as relações com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, após a autarquia manter o juros em 13,75%. O petista alegou que a taxa alta dificultava a implementação de programas sociais do governo, além de impedir o avanço da economia.

 

Mais recentemente, o ex-governador da Bahia e atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), também questionou a política de juros do Banco Central e colocou em xeque a independência da entidade (veja mais aqui).

 

“A inflação está em 5%, metade do que estava quando ele decidiu ir para 13%. Como é que a inflação hoje está na metade do que estava e a taxa de juros está no mesmo percentual de quanto a inflação era 10%? Não há parâmetro no mundo para essa taxa real de juros. Então muitos ficam se perguntando o que está motivando o presidente do Banco Central a manter essa taxa de juros: é quebrar a economia brasileira?”, disse Rui.

Foto: Marcello Casal Jr. / EBC