O TCU (Tribunal de Contas da União) identificou pagamento irregular de R$ 2,623 milhões no abono salarial do PIS/Pasep, após auditoria nos benefícios liberados pelo antigo Ministério do Trabalho e Previdência, hoje Ministério do Trabalho e Emprego.
Segundo o órgão, 2.196 de abonos referentes ao ano de 2020 teriam sido liberados a trabalhadores que não cumpriam os requisitos mínimos para receber.
Dentre as inconsistências encontradas estão ainda pagamento de valor maior do que um salário mínimo, limite do benefício, liberação a quem não se enquadra nas regras e negativa automática do benefício.
Tem direito ao abono salarial do PIS/Pasep quem trabalhou formalmente por ao menos 30 dias no ano-base em empresa do setor privado ou como funcionário público.
É preciso ainda receber remuneração média de até dois salários mínimos e estar cadastrado no programa há pelo menos cinco anos. Além disso, o empregador deve informar os dados corretamente ao governo na Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
A avaliação feita pelo ministro Benjamin Zymler demonstra que houve falhas no controle do pagamento dos valores por parte do ministério. Foi dado prazo de 90 dias para que o órgão adote as providências necessárias para corrigir e evitar as falhas.
Procurado, o Ministério do Trabalho e Emprego não respondeu até a publicação deste texto.
A Caixa afirmou que "atua exclusivamente como agente pagador do abono salarial/PIS, cabendo ao Ministério do Trabalho e Emprego a identificação do direito e valor do benefício, bem como envio das parcelas ao banco para pagamento".
O Banco do Brasil, responsável pelo pagamento do Pasep, informou que "não foi notificado a respeito do procedimento do Tribunal de Contas da União e que vai responder aos questionamentos no âmbito dos autos do relatório do tribunal".
Segundo o banco, em 2022, fora realizados 2,48 milhões de pagamentos do Pasep, com desembolso de valores na ordem de R$ 2,76 bilhões.
Para cada um dos pontos, o relator sugere medidas para aprimorar o sistema. O objetivo da auditoria é fazer com que a gestão do dinheiro público seja feita de forma eficiente.
O relatório foi feito com base em amostras e segue a legislação que estabelece fiscalização nesses recursos. Ficaram de fora o seguro-desemprego e a gestão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Também foi analisado o contrato do governo com a Dataprev (empresa de tecnologia do governo federal), além de indicações para que haja melhorias nos processos administrativos de extração dos dados, análise e liberação dos valores.
Nas conclusões do relatório, aprovado em plenário pelos ministros do órgão, Zymler destaca a necessidade de ação para melhorar os cruzamentos dos dados dos trabalhadores, evitando negativas. Além da Rais, Zymler orienta o órgão a utilizar o Cnis (Cadastro Nacional de Informações Sociais) em cruzamento de dados para evitar inconsistências.
7 EM CADA 10 TRABALHADORES ENTRARAM COM RECURSO PARA TER ABONO
A auditoria do TCU apontou preocupação com o número de recursos administrativos apresentados por trabalhadores e quantidade de negativas revertidas após processo interno. De um total de 171 mil recursos, 71% deles foram aceitos, ou seja, 7 em 10 trabalhadores que recorreram conseguiram o benefício.
As falhas em liberar os valores a quem tem direito podem levar à judicialização, o que se quer evitar. O TCU recomendou que recursos sejam feitos pelos trabalhadores diretamente no portal Emprega Brasil, que é a principal fonte de informação do governo sobre o abono salarial.
CAIXA E BANCO DO BRASIL JÁ COMEÇARAM A PAGAR ABONO EM 2023
A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil começaram a pagar o abono do PIS/Pasep 2023 para trabalhadores nascidos em janeiro e fevereiro e servidores públicos cujo número final da inscrição é zero no último mês.
Ao todo, 22,9 milhões de trabalhadores têm direito de receber o abono neste ano. No país, 20,4 milhões recebem o PIS (Programa de Integração Social), pago a quem trabalhou com carteira assinada na iniciativa privada, e 2,5 milhões vão sacar o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público), para quem tem registro como servidor. Serão liberados R$ 22 bilhões.
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QUAIS FORAM AS IRREGULARIDADES ENCONTRADAS
- Pagamento de valores maiores do que um salário mínimo
- Trabalhadores beneficiados que tiveram remuneração média mensal acima de dois salários mínimos
- Beneficiários cadastrados no PIS/Pasep há menos de cinco anos
- Exercício de atividade remunerada de menos de 30 dias no ano-base
- Falhas no fluxo de processos de recursos administrativos do abono
- Alto número de negativas indevidas revertidas após recurso administrativo por parte do trabalhador
- Falha no controle de pagamentos de valores após determinação judicial
QUANDO É POSSÍVEL RECEBER DO PIS/PASEP 2023
Ano - Trabalhadores atendidos - Valores pagos (R$)
2018 - 17.516.261 - 16.936.835.200,00
2019 - 24.547.129 - 17.201.807.241,00
2020 - 23.449.968 - 19.259.020.930,00
2021 - 12.752.365 - 10.158.254.488,00
2022 - 23.314.669 - 23.033.353.610,00
Fonte: Tribunal de Contas da União
QUANTO FOI PAGO NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS DO ABONO DO PIS/PASEP
Meses trabalhados - Valor do abono
1 - 109,00
2 - 217,00
3 - 326,00
4 - 434,00
5 - 543,00
6 - 651,00
7 - 760,00
8 - 868,00
9 - 977,00
10 - 1.085,00
11 - 1.194,00
12 - 1.302,00