A base governista na Câmara dos Deputados votou, na sessão plenária desta quarta-feira (19), contra um requerimento de urgência que iria acelerar a tramitação do projeto de lei (PL 1776/15) que torna a pedofilia como crime hediondo. Foram 224 votos contrários e 135 a favor do requerimento, dos 360 deputados presentes na sessão.

 

A proposta é de autoria do deputado Paulo Freire (19) (PR-SP), da base do governo. Porém, o próprio governo se negou a tratar o tema como urgência, como foi visto na sessão desta quarta.

 

Para justificar o voto contrário, o deputado Carlos Henrique Gaguim (UNIÃO-TO) disse que havia um acordo entre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e a deputada Erika Kokay (PT-DF) para que a prioridade fosse da MP 1127/2022, que limita o reajuste das receitas patrimoniais decorrentes da atualização da planta de valores durante a compra de imóveis. Entrentando, Kokay negou que tivesse havido um acordo.

 

“Não fizemos nenhum acordo de que a medida provisória seria o primeiro item de pauta. Nenhum acordo. Não coloque palavras na nossa boca àqueles que tentam proteger as acusações gravíssimas que pesam sobre o presidente da República”, disse a deputada.

 

Entre os deputados baianos que votaram contra o requerimento estão José Rocha (União) e Paulo Azi (União). Já os que votaram a favor estão Bacelar (PV), Daniel Almeida (PCdoB), Lídice da Mata (PSB), Otto Alencar (PSD), Tito (Avante), Zé Neto (PT).

 

Ao votar favorável ao requerimento, o deputado Daniel Almeida considerou o tema de extrema relevância e que esse mal precisa ser combatido o absoluto rigor.

 

"Essa prática está disseminada nas redes sociais, na sociedade, precisa ser fortemente combatida. Tudo fica mais grave quando um cidadão de mais de 60 anos visualiza meninas “arrumadinhas”, “pinta um clima” e este cidadão é o presidente da República e anuncia isso como se fosse algo normal. Não é normal, precisa ser combatido porque é o presidente da República, é referência para o mal e esse mal precisa ser combatido com o absoluto rigor”, declarou o deputado baiano.

 

‘PINTOU UM CLIMA'

A fala de Almeida vem em um momento em que o tema ganhou foco nos últimos dias por conta de declarações do presidente Jair Bolsonaro durante uma entrevista ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, na última sexta-feira (14), que acabaram viralizando.

 

Na entrevista, Bolsonaro relata uma história em que teria pintado “um clima” entre ele e meninas venezuelanas de 14 e 15 anos de idade (lembre aqui). Devido ao relato, a tag “Bolsonaro pedófilo” chegou a ser um dos assuntos mais comentados no Twitter no último sábado (15).

 

“Eu parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para que? Ganhar a vida”, contou Bolsonaro.


Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados