Um em cada dez eleitores diz ter definido o voto para presidente da República apenas na véspera do primeiro turno ou no próprio dia da eleição, mostra pesquisa Datafolha. De acordo com o instituto, os maiores percentuais de escolha tardia estão entre os que dizem ter votado em Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). No primeiro caso, 25% afirmam ter se decidido apenas no sábado (1º) ou no domingo (2); no segundo caso, 18%.
Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) houve um grau maior de convicção precoce. Apenas 8% dos entrevistados dizem ter escolhido o petista no final de semana eleitoral, taxa que é de 7% entre os que afirmam ter votado no atual presidente.
No outro lado da moeda, 83% dos entrevistados que dizem ter votado em Lula e 86% dos que apontam Bolsonaro como sua escolha no primeiro turno afirmam que tinham resolvido em quem votar pelo menos um mês antes da eleição.
No segundo turno entre Lula e Bolsonaro, de acordo com o Datafolha, 93% dos eleitores se dizem totalmente decididos sobre o voto para presidente, enquanto 7% afirmam que a escolha ainda pode mudar.
Tamanho grau de convicção é uma exceção nas eleições brasileiras. Neste ano, houve recorde de eleitores indicando o voto na avaliação espontânea, em que não são apresentados os nomes dos candidatos pelos pesquisadores. Uma semana antes do pleito, o índice chegava a 83%, contra 65% em 2018, na mesma altura da disputa.
Segundo a pesquisa do Datafolha, o mesmo grau de convicção não se reproduziu nas campanhas para governador, senador, deputado federal e deputado estadual.
No caso da eleição para governador, 63% dos eleitores em todo o país dizem ter decidido o voto com pelo menos um mês de antecedência, enquanto 17% deixaram a escolha para o final de semana eleitoral.
A indefinição aumenta nas disputas por uma vaga no Legislativo. Metade dos entrevistados afirma ter resolvido o voto para senador (50%), deputado federal (50%) e deputado estadual (49%) pelo menos um mês antes da eleição. Outros 25% dizem ter deixado para o último final de semana a escolha de seus nomes para o Senado e para a Câmara dos Deputados, e 26%, para as Assembleias estaduais.
Nesse caso, quase não há diferença de comportamento entre os que dizem ter votado em Lula e os que afirmam ter escolhido Bolsonaro.
A pesquisa foi realizada de quarta-feira (5) a sexta (7) e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O instituto ouviu 2.884 eleitores em 179 municípios, num levantamento contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-02012/2022.
ELEIÇÃO EM SÃO PAULO
Em São Paulo, 65% dos eleitores dizem ter definido o candidato a governador com pelo menos um mês de antecedência.
O percentual sobe para 72% entre os que afirmam ter votado em Tarcísio de Freitas (Republicanos) e para 75% entre os que declaram ter escolhido Fernando Haddad (PT). No caso de Rodrigo Garcia (PSDB), a taxa cai para 58%.
Assim como ocorre no restante do país, também entre os paulistas a escolha de um candidato para o Legislativo se deu de maneira mais tardia. O percentual dos que dizem ter deixado a definição para o final de semana eleitoral é de 22% na disputa por uma vaga de senador, 24% no caso de deputado federal e 26% no de deputado estadual.
Não há diferenças expressivas de comportamento dos paulistas em relação à escolha de deputados federais e estaduais. No caso dos senadores, porém, eleitores de Tarcísio declaram convicção mais precoce que os de Haddad, enquanto os de Rodrigo definiram o voto de maneira mais tardia.