Um composto de cogumelos psicodélicos, que contêm a substância alucinógena psilocibina, pode ajudar alcoólatras ??a reduzir ou parar completamente a beber. O uso do composto ainda requer mais estudos, mas pesquisas iniciais já demonstram o potencial da substância. 


 

Entretanto, muitos que tomaram placebo em vez de psilocibina também conseguiram beber menos, provavelmente por estarem bastante motivados com o estudo. A psilocibina, encontrada em várias espécies de cogumelos, pode causar horas de alucinações vívidas. 


 

O composto era bastante utilizado por indígenas em rituais de cura e os cientistas estão explorando os efeitos médicos da substância: se pode aliviar a depressão e atenuar quadros de tabagismo e alcoolismo. A posse, o cultivo e a venda da psilocibina, bem como de outras substâncias alucinógenas de natureza semelhante, são considerados ilegais no Brasil.


 

A nova pesquisa, realizada a partir de 2018 e publicada na quarta-feira (24) no Jama Psychiatry, é “o primeiro estudo moderno, rigoroso e controlado” sobre se a substância pode ajudar pessoas que lutam contra o álcool, disse Fred Barrett, neurocientista da Universidade Johns Hopkins que não esteve envolvido no estudo. O estudo foi divulgado pela  Associated Press.

 

Na pesquisa, 93 pacientes tomaram uma cápsula contendo psilocibina ou um placebo, deitaram em um sofá, com os olhos cobertos, e ouviram música em fones de ouvido. Eles receberam duas dessas sessões, com um mês de intervalo, e 12 sessões de terapia.

Durante os oito meses após a primeira sessão de dosagem, os pacientes que tomaram psilocibina se saíram melhor do que os pacientes com placebo. No primeiro grupo, em média, os pacientes tiveram recaídas com a bebida uma vez em 10 dias. Já no segundo grupo, a média sobe para 1 recaída a cada 4 dias. Quase metade dos que tomaram psilocibina parou de beber completamente em comparação com 24% do grupo que recebem medicamento fictício.


 

Apenas três medicamentos convencionais – dissulfiram, naltrexona e acamprosato – são clinicamente aprovados para tratar o transtorno por uso de álcool e não houve aprovações de novos medicamentos em quase 20 anos. Os pesquisadores acreditam que ela aumenta as conexões e, pelo menos temporariamente, muda a maneira como o cérebro se orienta em relação a estímulos externos e internos.