As eleições de 2022 traz um dado curioso: 572 municípios do país têm mais eleitores do que habitantes. Ou seja, uma a cada dez cidades do Brasil tem mais eleitores do que moradores. A constatação foi feita pela coluna de Carlos Madeira, do portal Uol, que cruzou os dados da população projetada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2021, que são os números mais recentes, com os de eleitores do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

 

De acordo com a coluna, há casos em que a quantidade de eleitores supera em até quase quatro vezes a população, como em Severiano Melo (RN), a líder em disparidade em termos proporcionais: o município tem 1.743 habitantes e 6.669 eleitores, o que dá 282% mais votantes do que moradores.

 

Comuns, casos como o da cidade potiguar já aconteceram em outros anos e, segundo especialistas, são reflexo da falta de um Censo demográfico. A defasagem na contagem da população cria distorções em um dado que norteia políticas públicas e o envio de recursos federais e estaduais às prefeituras.

 

Os dados do IBGE são publicados anualmente em Diário Oficial e servem como base para a transferência dos recursos do FPE e FPM (fundos de participação de estados e municípios), para uso como no programa Auxílio Brasil e em políticas de educação e saúde. Com dois anos de atraso, o Censo 2022 começou a fazer entrevistas somente neste mês e vai até outubro. A meta é visitar os 75 milhões de lares brasileiros. Os resultados preliminares da contagem devem sair até o final deste ano, mas números mais detalhados serão divulgados a partir de 2023.