A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (28) que vê "gravidade" na suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro nas investigações de corrupção no Ministério da Educação, conforme denúncia do deputado federal Israel Batista (PSB-DF).
De acordo com informações do portal G1, a ministra enviou o pedido de investigação feito pelo parlamentar para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), tendo em vista que cabe ao Ministério Público Federal (MPF) analisar se há indícios para abrir uma investigação.
"Considerando os termos do relato apresentado e a gravidade do quadro narrado, manifeste-se a Procuradoria-Geral da República", escreveu Cármen Lúcia em despacho.
A Polícia Federal (PF) apura a suspeita de que pastores teriam intermediado a liberação de recursos do Ministério da Educação. Na última quarta-feira (22), o ex-ministro Milton Ribeiro e os pastores denunciados foram presos. Um dia depois, eles foram soltos, por decisão da Justiça.
Uma interceptação telefônica feita pela PF em 9 de junho revelou que Ribeiro disse a uma filha que Bolsonaro havia lhe relatado o "pressentimento" de que ele, o ex-ministro, poderia ser usado para atingir o presidente da República.
Com base nessa e em outras gravações, o MPF pediu autorização da Justiça para apurar se houve interferência de Bolsonaro nas investigações sobre Ribeiro. O caso foi enviado para análise do STF, e a relatora é Cármen Lúcia.
Ao Supremo, o deputado Israel Batista defendeu que há elementos para investigar Bolsonaro.
“Segundo o próprio Ministério Público, há elementos que indicariam a possibilidade de vazamento das apurações no caso, com possível interferência ilícita por parte de Jair Bolsonaro. Prova disso, é que, segundo veiculado, o MPF requerer o envio de auto circunstanciado ao Supremo apontando indício de interferências ilícitas nas investigações policiais e judiciária", diz o pedido.
Foto: Nelson Jr. / SCO / STF