Na reunião em que o senador Jaques Wagner (PT) comunicou à liderança do governo na Assembleia e a parte da bancada petista que havia desistido da disputa e que o colega de Senado Otto Alencar (PSD) assumiria a candidatura ao governo da Bahia pelo grupo, hoje pela manhã, houve protestos dos parlamentares e até lágrimas.

Em determinado momento, o clima ficou tão pesado que Wagner chegou a titubear, dando a entender que estava em dúvida sobre a decisão e que poderia desistir do recuo de concorrer ao governo, ao declarar que faria novos contatos com a cúpula governista e o ex-presidente Lula a fim de tratar do assunto. Era uma tentativa de desanuviar o ambiente.

Os parlamentares manifestaram indignação com o encerramento, que consideraram “precoce”, do ciclo do petismo no comando do Estado, representado pela apresentação de uma candidatura de outro partido à sucessão, e preocupação com seu impacto na renovação das bancadas, que ficariam sem um candidato majoritário do PT.

Dúvidas sobre a real competitividade de Otto, além de uma suposta dificuldade para ele passar a ser vinculado ao ex-presidente Lula na cabeça do eleitorado também foram levantadas, mas Wagner destacou a importância para o PT de formar uma bancada maior no Senado, no que a eleição do governador Rui Costa (PT) pode ajudar.

Outra preocupação foi com o risco de, uma vez no governo, o vice João Leão (PP), que assumirá com a renúncia de Rui, desmontar a estrutura hoje existente no governo controlada pelos petistas, outra medida que poderia repercutir na organização dos partidários para as eleições de outubro.

Como Wagner saiu do encontro dizendo que decidira ouvir de novo a cúpula do comando governista, além do próprio Lula, os deputados passaram a alimentar a esperança de que voltasse atrás na decisão de não concorrer ao governo. À tarde, no entanto, o senador ligou para os líderes petistas na Assembleia.

E, meio contrito, pediu que comunicassem a todos que a decisão (de permanecer no Senado) estava tomada.

Política Livre