Vladimir Putin anunciou nesta segunda-feira (21) que vai reconhecer as áreas autônomas resultantes da guerra civil no leste do vizinho. A atitude pode ser vista como um passo decisivo na rota de conflito com a Ucrânia e o Ocidente.

Segundo o Kremlin informou, a decisão foi transmitida por Putin  aos líderes Emmanuel Macron (França) e Olaf Scholz (Alemanha).
Diante dessa posição, os arranjos que mal sustentavam o equilíbrio na região, os Acordos de Minsk (2014-15), morrem. A Rússia passa a ser um ator ativo no conflito, não mais um presumido juiz.

"O presidente disse que planeja assinar o relevante decreto num futuro próximo", disse o comunicado do Kremlin, ressaltando que Macron e Scholz expressaram desapontamento com a decisão e indicaram a necessidade de se manterem contatos diplomáticos.

Segundo a Folha de São Paulo, a assinatura foi oficializada em um pronunciamento duro de Putin na TV russa na noite desta segunda —tarde no Brasil. O russo disse que a Ucrânia está "cheia de clãs oligárquicos", falou sobre o crescimento de grupos neonazistas e disse que as autoridades do vizinho foram "contaminadas pelos vírus do nacionalismo e da corrupção".

Não ficou claro, contudo, se Putin reconhecerá as atuais fronteiras das áreas separatistas ou se aceita a demanda deles, incluindo porções das antigas províncias de Lugansk e Donetsk como eram em 2014. Se o fizer, o caminho de uma guerra no leste da Ucrânia pode estar garantido.

A União Europeia e os Estados Unidos já disseram que o reconhecimento é ilegal, dado que o Donbass é parte da Ucrânia na visão deles. Sanções econômicas específicas poderão ser apresentadas.

O movimento vem no dia em que a Rússia disse ter entrado em confronto direto com os ucranianos, anunciando ter destruído dois blindados do vizinho e matando cinco militares, que teriam cruzado sua fronteira. Kiev nega que tal incidente ocorreu.