A Defesa Civil do Rio de Janeiro recebeu um alerta de possibilidade de "chuvas isoladas ao longo do dia” no dia anterior aos temporais que já deixaram ao menos 66 mortos em Petrópolis (RJ). O alerta dizia que poderia haver “deslizamentos pontuais, especialmente nas regiões de serra e/ou densamente urbanizadas" na região Serrana do Rio de Janeiro, onde fica a cidade.

O aviso foi dado na segunda-feira (14) pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais). Segundo Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP e vice-presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, o alerta deveria ter levado as autoridades a retirarem os moradores do local.

"O governo do Rio de Janeiro deveria ter evacuado Petrópolis quando recebeu o alerta de risco de desastre. Isso é óbvio", disse Artaxo à Folha de São Paulo.

Choveu na região em poucas horas mais do que era esperado para todo o mês de fevereiro. Foram 258 mm, e a previsão é de mais chuva forte na quinta (17) e sexta (18).

"Se há um alerta de chuva forte em uma região sabidamente de risco, a primeiríssima coisa a se fazer é retirar todo mundo desse local", disse Artaxo.

Para o físico, não houve evacuação porque a Defesa Civil do Rio de Janeiro não está preparada para lidar com uma situação como essa. "Uma década depois do desastre de 2011 e isso volta a acontecer. O contexto climático, chuva e região de risco, é similar ao de dez anos atrás e ainda assim vivemos mais um desastre."