Só no ano de 2021, o Nordeste registrou mais de 1.700 casos de câncer de pênis - desses, 139 foram na Bahia. O Brasil apresenta prevalência considerável da doença, em especial nas regiões Norte e Nordeste.
Em 14 anos, houve um aumento de 1.604% de amputações do órgão, com mais de 7 mil procedimentos. Em entrevista ao Bahia Notícias, o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Augusto Modesto, ressalta a importância da higienização do pênis para prevenção do câncer.
“Para os pacientes que têm fimose, ou excesso de prepúcio, o órgão genital precisa ser higienizado pelo menos duas vezes por dia com água e sabão. Para os que têm fimose fechada e que não conseguem ir ao médico urologista, a melhor opção é realizar a cirurgia da fimose que é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pênis”, explica o urologista.
O médico também ressalta a importância de usar preservativo durante as relações sexuais para evitar qualquer tipo de Infecção Sexualmente Transmissível (IST).
“Nós sabemos que existe o HPV, que é um fator associado ao câncer de pênis. Então o uso do preservativo ajuda a prevenir essas infecções”, indica.
O urologista alerta a necessidade de ir ao especialista para ter um diagnóstico em caso do aparecimento de lesões ou ferimentos na região genital. “Toda ferida, toda úlcera com mais de 30 dias deve ser submetida a biópsia. Só a biópsia é que vai dar o diagnóstico definitivo do câncer de pênis”, explica.
O diagnóstico precoce do câncer de pênis ajuda a curar em quase 100% dos casos, porque identifica o câncer em sua fase inicial e pode evitar a mutilação do órgão. “Muitas vezes apenas com a cirurgia da fimose ou até mesmo com exérese do pequeno nódulo ou da pequena ferida que apareceu.”
Aos pacientes que tiveram que passar pelo processo de mutilação, o especialista conta que a depender do nível de amputação, o paciente pode ter vida sexual com penetração. Em amputações parciais, também é possível manter a fertilidade.
Segundo dados obtidos pela SBU no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/Datasus) do Ministério da Saúde, houve uma queda no número de registros dos casos entre 2020, quando foram registrados 2.095 casos e 2021 com 1.791 casos registrados. Estima-se que essa diminuição se deve à pandemia, que impactou a procura por tratamento médico.
A região com maior número de casos nos últimos quatro anos foi o Sudeste (3.162 casos), seguido por Nordeste (2.574), Sul (1.186), Centro-Oeste (658) e Norte (645).
Nesse mesmo período, a prevalência, número de casos por cada 100 mil habitantes, foi a seguinte: Nordeste (9,93); Centro-Oeste (9,42); Sul (8,82); Sudeste (8,09); Norte (8,05).
Os estados com maior registro de tumor de pênis são: São Paulo (1.484), Minas Gerais (1.059), Bahia (609) e Paraná (565).