O documento do Ministério da Saúde que rejeita as diretrizes de tratamento da Covid-19 ao SUS será publicado novamente, segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti.
 

Dessa vez, a nota será publicada sem a tabela que aponta a eficácia e segurança no uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, contrariando evidências científicas. No mesmo documento, a pasta declara que as vacinas não demonstram essas características.
 

O secretário ressaltou, entretanto, que a rejeição das diretrizes elaboradas por especialistas será mantida.
 

"A tabela embora não esteja errada no contexto em que ela se encontra, vamos optar por tirá-la. Não vai mudar nada o parecer, não vai mudar nada o argumento, mas optamos por tirá-la para fomentar a clareza, promover clareza nos instrumentos administrativos e evitar possível mau uso", disse em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, nesta segunda-feira (24).
 

As diretrizes rejeitadas haviam sido elaboradas por especialistas de entidades médicas e científicas e aprovadas pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).
 

Os textos contraindicavam o uso de medicamentos do chamado kit Covid, já descartados pela comunidade científica para a doença.
 

Angotti disse que discordou do parecer aprovado pela Conitec no que diz respeito ao tratamento precoce porque esse ainda não é um assunto pacificado, como diz a nota.
 

Um dos argumentos usados por ele é que o número de pessoas participando de pesquisa para afirmar que funciona ou não funciona o tratamento precoce ainda não é suficiente.
 

"Eu discordei na nota que está pacificado e sedimentado que certas terapias comprovadamente não teriam efeito. Ali na nota eu coloco os critérios técnicos dessa contestação, não podemos afirmar isso", disse.
 

Angotti também chamou de segregação o fato de algumas escolas obrigarem as crianças a se vacinarem para o início do ano letivo.
 

"Eu vejo isso como um autoritarismo de segregação de pessoas, de redução de direitos constitucionais. Esse tipo de atitude eu não vejo embasamento científico adequado nisso. Eu não vejo embasamento em termos de direitos humanos. Isso é uma invasão na família", disse.
 

Apesar de Angotti dizer que o assunto não está pacificado, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
 

"Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, o uso era chamado de uso compassivo, todos usaram. Posteriormente, se viu que nessas situações essa medicação não era mais aplicável e foi testada em outros contextos, né? Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cuja evidência científica da sua eficácia ainda não está comprovada", disse em entrevista para o programa Sem Censura, da TV Brasil.