Perto de chegar ao fim, o ano de 2021 registra o maior número de jornalistas presos arbitrariamente desde 1995. Os dados divulgados nesta quinta-feira (16) pelo relatório anual da instituição Repórteres Sem Fronteira (RFS), revelam um aumento de 20% nas prisões quando comparado ao ano passado. Além disso, 65 profissionais de imprensa são mantidos reféns. Ao todo, foram 46 jornalistas mortos no ano, menor número registrado pela RSF nas últimas duas décadas.
Em meados de dezembro de 2021, a RSF registrou 488 jornalistas e colaboradores de veículos de comunicação presos por causa de sua profissão. De acordo com a organização, este aumento excepcional no número de detenções arbitrárias deve-se principalmente a três países: a Birmânia, onde a junta militar assumiu o poder pela; a Bielorrússia e a China de Xi Jinping, que está aumentando seu controle sobre a Região Administrativa Especial de Hong Kong.
Outro número que chama atenção na publicação do relatório deste ano, é o número de jornalistas mulheres presas: 60 delas estão atualmente privadas de liberdade por causa de sua profissão, um terço (33%) a mais do que em 2020. De acordo com o levantamento, a China, que continua a ser a maior prisão do mundo pelo quinto ano consecutivo, é também o país onde o maior número de mulheres estão detidas (19), incluindo a vencedora do prêmio RSF 2021, Zhang Zhan, em estado crítico de saúde. Na Bielorrússia, mais mulheres (17) estão detidas do que homens (15).
Já em relação aos dados de mortes, foi registrada uma retração. De acordo com o relatório, em 2021, foram 46 casos registrados pela RSF. Desde 2003, que a organização não registrava um número inferior a 50 casos. A RSF aponta que a diminuição da intensidade de conflitos que marcaram anteriores (Síria, Iraque, Iêmen) e a maior mobilização em defesa da liberdade de imprensa são alguns dos fatores que contribuíram para essa queda. No entanto, apesar desse número historicamente baixo, em média, cerca de um jornalista é morto a cada semana no mundo por ter exercido sua profissão.