Na Bahia, o decreto estadual que impôs a suspensão das aulas presenciais nas escolas e universidades por conta da pandemia da Covid-19 está prestes a completar sete meses de vigência. Neste período, a modalidade de ensino remoto foi a saída encontrada por instituições de ensino superior, tanto privadas quanto públicas. Dentre estaduais, somente a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) ainda não formalizou uma proposta concreta. A situação, no entanto, tem gerado um ambiente de incerteza entres estudantes, sobretudo os que estão em fase de conclusão. 


Nos últimos dias, a situação ganhou ainda mais força nas redes sociais, com ação mais incisiva de cursos ligados ao Departamento de Ciências da Vida, onde estão listados os cursos da área de saúde, a exemplo de farmácia, fisioterapia e medicina. Como pontua Beatriz Cerqueira, membro do Diretório Acadêmico do curso de fisioterapia, a burocracia no diálogo com a direção da instituição tem dificultado o processo. “Tivemos o questionário e o que estamos aguardando é o retorno desse diagnóstico, mas até o momento não aconteceu”. 


O diagnóstico citado por Beatriz foi uma consulta realiza pela UNEB, no site oficial da universidade, que, entre os dias 20 de agosto e 18 de setembro, alcançou cerca de 75% da comunidade da instituição - estudantes, professores, técnicos e analistas universitários, cargos comissionados e trabalhadores terceirizados. 


Ao Bahia Notícias, a UNEB comunicou que a iniciativa tem como objetivo “planejar suas ações de modo mais assertivo”. Alegou ainda que a compilação dos dados “serão debatidas em reunião do Conselho Universitário (CONSU) da UNEB, instância máxima deliberativa”. 

 

O CONSU se reúne nesta terça-feira (6) pela primeira vez após a finalização do processo de coleta de dados. O debate contará com a presença do Diretório Central dos Estudantes (DCE), entidade representativa dos 130 cursos da instituição. 

 

Gustavo Mascarenhas, coordenador geral do DCE, explicou que durante a pandemia algumas reuniões foram convocadas pela entidade representativa para pensar a possibilidade de estratégias de implementação de aulas remotas. Em meados de junho, um encontro chegou a reunir representação de 97 centros e diretórios de 22 campi distintos. 

 

De forma unificada, a representação dos estudantes decidiu e comunicou ao CONSU posicionamentos como a recusa da retomada de ensino presencial ainda em 2020, assim como a contrariedade do ensino remoto até aquele momento, defesa da pesquisa diagnóstica, questionamento sobre redução dos gastos durante a pandemia e a necessidade de ampliar as políticas de assistência e permanência estudantil.

 

Para a reunião desta terça, a proposta do DCE, é o estabelecimento de “ensino remoto opcional excepcional para estudantes concluintes (acima 80% do curso) e estudantes irregulares/ dessemestralizados”. 

 

É exatamente neste grupo que se concentra, de maneira mais acentuada, a cobrança de uma decisão imediata por parte da UNEB. “A gente tem todas as disciplinas e depois o Estágio 1, que é ambulatorial e é feito na Clínica Escola da UNEB, e o Estágio 2, que é a parte clínica, feita nos hospitais”, explica Beatriz. Ambos os processos são essenciais para a conclusão do curso, no entanto, desde março, as atividades estão interrompidas. 

 

“Eles [estudantes em fase final do curso] querem o ensino remoto optativo para concluírem porque é o último semestre deles. A gente precisa desse retorno e tem também o TCC [Trabalho de Conclusão de Curso]. É uma grande preocupação nossa. Já fomos ouvidos pelo colegiado como pela departamento, mas precisamos desse retorno para que eles pudessem retornar”, especifica. 

 

No décimo semestre do curso de engenharia civil, Carol Honorato também pontua a falta de ação mais efetiva por parte da instituição. “A gente sente que falta pressão para colocar as coisas para andar. A gente entende que sem essa análise nada pode ser feito. Mas até o momento não divulgaram resultados, não se posicionaram. É sempre semana que vem, na próxima, depois”, lamenta. 

 

A UNEB afirma que, dada a compilação dos dados e as decisões via CONSU, “ocorrerá o encaminhamento das providências infraestruturais e formativas, além da garantia de fortalecimento das que já se encontram em curso, e o prosseguimento da negociação com o governo do Estado para a aquisição de equipamentos e/ou outras demandas registradas no levantamento”. Os dados específicos do levantamento não foram detalhados pela instituição. 

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