A Secretaria da Educação da Bahia (SEC) ainda não definiu como vai executar a oferta de internet para os estudantes da rede estadual de educação, a fim de auxiliar no estudo remoto. As aulas presenciais foram suspensas há - exatos - cinco meses, e a pasta ainda não definiu uma data de retorno.
Uma das certezas, no entanto, é de investimento em internet, conforme anunciado no início deste mês pelo governador do estado, Rui Costa (PT).
"Retornaremos com 100% das escolas com pelo menos 50Mb disponíveis porque vamos agregar conteúdo que os alunos poderão baixar nos seus celulares, nos seus tablets e fazer tarefas", disse o gestor em uma entrevista dada à Rádio Bandeirantes (lembre aqui).
O acesso a internet por parte dos alunos é apontado por professores como um dos desafios para que a educação remota se efetive na rede estadual. Uma vez que o cenário atual, como citam os educadores, é formado por um número expressivo de estudantes que vivem na zona rural, e portanto sem acesso a sinal, e ainda aqueles que não possuem dispositivos, como computadores, tablets e celulares.
Em relação ao acesso à internet para estudantes, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informa que está em análise o formato da oferta. "Avaliando o arranjo tecnológico a ser implantado junto às operadoras e o universo estudantil da Educação Básica a ser contemplado", explicou a pasta em nota enviada à reportagem.
Mas o problema com o acesso à internet não se restringe à educação básica. Assim como as escolas, as universidades estão com aulas presenciais suspensas, e elaboram protocolos para retomadas de atividades de forma virtual. No entanto, esse novo arranjo também esbarra na dificuldade de acesso a dados.
A pró-reitora de graduação da Uesc, Rosana Lopes, cita que essa também é uma das barreiras enfrentadas pelos estudantes do nível superior para se adaptar à nova realidade, "principalmente para os alunos com maior vulnerabilidade econômica".
Nesse sentido ela afirma que a reitoria está entrando em contato com a Secretaria da Educação para tentar viabilizar esse acesso a internet para os alunos. "Quase todos os alunos tem acesso à internet por via móvel, por celular, mas a limitação de dados não daria conta para esse aluno ver aulas", argumentou Rosana.
Quanto à educação superior, a pasta informou que "cabe às universidades a implementação de ações como de apoio aos estudantes, no entanto, a SEC está em diálogo para um trabalho conjunto com as reitorias".
Nesta segunda-feira (17) o Ministério da Educação (MEC) divulgou que vai implementar um programa para fornecer dados de internet para que estudantes de baixa renda de universidades e institutos federais acompanhem o ensino a distância. O projeto foi anunciado pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro. Na ocasião, ele reconheceu que "num primeiro momento, pudesse entender que foi um pouquinho tarde para tomarmos essa iniciativa". Durante coletiva em que a medida foi anunciada, o titular do MEC atribuiu a demora ao percurso administrativo público e à burocracia interna (leia mais aqui).
A medida do MEC vai beneficiar inicialmente 400 mil alunos com renda mensal familiar por pessoa até meio salário mínimo (R$ 522,50). Para aqueles que já tem pacote de dados móveis, será oferecido bônus. Para os que não tem, serão entregues chips com pacotes de dados, explica a matéria.