Foto: Alan Santos / PR
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PLplaneja lançar o filho
Carlos Bolsonaro (PLa senador por Santa Catarina, segundo políticos e
lideranças locais. A candidatura já foi discutida com o governador Jorginho
Mello (PL), seu aliado, e comunicada a parlamentares.
Carlos faria uma dobradinha com Mello, que será candidato à
reeleição, e com a deputada Caroline De Toni (PL). Para isso, o filho do
ex-presidente precisaria estabelecer vínculo com o estado e mudar seu domicílio
eleitoral do Rio de Janeiro para Santa Catarina até 4 de abril.
O movimento faz parte da estratégia de ampliar a força do PL
no Senado, de forma a pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal). São os
senadores que votam a indicação de ministros para a corte e que também podem
retirá-los por meio de um impeachment.
Atualmente, as duas vagas de Santa Catarina a serem renovadas
em 2026 são ocupadas pelo PP (o ex-governador Esperidião Amine pelo MDB
(Ivete da Silveira, que era suplente e assumiu o mandato com a vitória de
Jorginho Mello para o governo em 2022).
Carlos é atualmente o vereador mais votado do Rio de Janeiro,
mas a chapa do PL no estado já está congestionada, com mais candidatos do que
vagas disponíveis. O irmão dele, Flávio Bolsonaro (PL), será candidato à
reeleição no Senado. A outra vaga é disputada pelo governador Cláudio Castro
(PLe pelo senador Carlos Portinho (PL)
A possível candidatura do vereador por Santa Catarina deve-se
à identificação do estado como um dos mais bolsonaristas do país. Em 2022, o
ex-presidente recebeu 69,27% dos votos válidos no segundo turno, contra 30,73%
do presidente Lula (PT). Bolsonaro já elegeu outro filho, Jair Renan, como
vereador por Balneário Camboriú (SCno ano passado.
O senador Jorge Seif (PL-SC), aliado da família, disse à
Folha crer que a candidatura de Carlos pelo estado já está decidida e que a
política tem vários casos do tipo. "Bolsonaro é de SP, se elegeu pelo RJ.
Marina Silva é do Acre, se elegeu [deputada] por SP. Jean Wyllis é baiano, se
elegeu [deputado] pelo RJ. Tarcísio [de Freitas], do RJ, [foi eleito]
governador de SP", afirmou.
A candidatura, no entanto, tende a desagradar aliados locais
do ex-presidente. A deputada Julia Zanatta (PL-SCpretendia concorrer ao
Senado na próxima eleição, mas foi avisada de que não terá espaço na chapa e
que deve concorrer à reeleição para a Câmara.
Segundo políticos catarinenses, Zanatta procurou outros
partidos para conversar sobre uma filiação diante desse cenário, mas até agora
as negociações não avançaram, e a aposta é de que ela evitará a troca para não
romper com o bolsonarismo.
A deputada negou à Folha que tenha tratado sobre uma
candidatura fora do PL. "Jamais procurei outro partido para migrar",
disse Zanatta. Ela confirmou a conversa com Bolsonaro, sobre a possível
candidatura de Carlos por Santa Catarina. "Foi o que o Bolsonaro me falou,
que existe essa possibilidade".
Procurado por meio de assessores, Carlos não comentou sobre a
candidatura até a publicação desta reportagem.
A estratégia do ex-presidente passa também por outras
candidaturas da família.
Bolsonaro planeja que o filho Eduardo, atualmente deputado
federal por São Paulo, concorra ao Senado. Eduardo se licenciou do mandato e
está nos Estados Unidos, em autoexílio sob alegação de ser perseguido pelo STF,
e virou alvo de um inquérito pela atuação no exterior para aplicar sanções aos
ministros do Supremo.
A esposa dele, Michelle, é considerada favorita ao Senado
pelo Distrito Federal. No entanto, ela pode mudar para uma candidatura à
Presidência ou a vice, já que o marido está inelegível por condenações na
Justiça Eleitoral e pode ser inclusive preso no âmbito do inquérito no Supremo
que o investiga pela tentativa de golpe de Estado.
O irmão caçula do ex-presidente, Renato, ainda deve sair
candidato a deputado federal por São Paulo.
Por Bahia Notícias