Foto: Agência Senado
A habilidade política do senador Jaques Wagner é
indiscutível. Nos bastidores, há quem o considere o grande nome da cena baiana
após a morte do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Por isso, quando se fala
em imbróglio envolvendo o processo eleitoral de 2026, todos os olhos de voltam
para o petista e sua imensa capacidade de driblar adversidades e construir
consensos, ainda que o universo esteja convergindo em um sentido contrário.
O problema da vez é equacionar o excesso de candidatos do PT
a três vagas na chapa majoritária do próximo ano. Além do próprio Wagner,
candidato à reeleição, são apresentados o nome de Jerônimo Rodrigues para
tentar um segundo mandato e do ex-governador Rui Costa para buscar uma vaga no
Senado. Para que isso aconteça, o atual senador Angelo Coronel ficaria sem
espaço no grupo e, para tentar permanecer no Senado, teria que sair avulso ou
migraria para a oposição. Como manter, então, o grupo unido?
Dentre as alternativas possíveis, duas circularam na última
semana. A primeira foi a hipótese de Jerônimo não tentar a reeleição, com a
hipótese de um retorno de Rui na corrida pelo governo. Apesar de improvável,
caso o atual morador do Palácio de Ondina continue a escorregar nas próprias
palavras e, eventualmente, chegue sem tanto fôlego no ano eleitoral, não há
dúvidas de que Jerônimo poderia ser substituído sem tantas celeumas. Até porque
o criador nunca deixou de tentar influenciar a criatura, na mesma proporção que
nunca deixou de ser uma sombra para o sucessor.
A segunda hipótese, talvez com um pé mais próximo de
realidade, seria Wagner desistir de tentar a reeleição, para assim dar espaço
para Coronel e Rui, sem ter que mexer na reeleição de Jerônimo. O ex-governador
é um homem de gestos nobres e, caso essa seja a única alternativa para evitar
um racha, não duvidaria que o Galego o fizesse. Porém, para que isso aconteça,
é preciso um alinhamento de astros que nem a Era de Aquário deve permitir.
Além de Coronel e de Jerônimo, o grande beneficiário dessa
jogada seria Rui Costa, cuja amizade e fidelidade com Wagner são colocadas à
prova com uma frequência maior do que ambos gostam. Inclusive, publicamente, os
dois tratam como devaneios da imprensa, ainda que os grupos “descendentes”
deles admitam que os dois ex-governadores vivem às turras internamente. E Rui
fez o “sacrifício” de continuar governador em 2022 a muito contragosto – vide a
quantidade de vezes que ele foi obrigado a negar ou a usar interlocutores para
dizer que a imprensa criava fatos políticos (a indicação de Aline Peixoto para
o Tribunal de Contas dos Municípios também entrou para esse rol e hoje a
ex-primeira-dama é conselheira). Foi Wagner que o “convenceu” depois de negar o
desejo de retornar como governador.
Assim, Coronel vai ter que continuar a jogar muito combinado
com Otto Alencar, que é quem efetivamente tem o poder de veto e força o
suficiente para enfrentar o excesso de protagonismo que, naturalmente, o PT vai
requerer para a “chapa dos sonhos” em 2026. Pelo menos até aqui, não houve
sinais de que os dois socialdemocratas se desentenderam – e olha que são duas
figuras de personalidades fortes e interesses que não necessariamente se
coadunam. Caso assim prossigam, precisará haver sacrifício, seja de Wagner, de
Rui ou de Jerônimo...
Por Bahia Notícias