
Foto: Divulgação
O movimento nacional que culminou com a federação União Progressista — composta pelo PP e o União Brasil — deve enfrentar alguns desafios para quem liderará o grupo na Bahia. Com maior representação no estado, o União Brasil deve indicar o presidente da federação, porém, para 2026, a formação da chapa proporcional pode abrir uma nova disputa.
Com uma montagem “conjunta”, alguns integrantes do PP que
podem permanecer no partido defender montar um “cavalo de Troia”, com nomes
vinculados ao governo para integrar a chapa. Informações obtidas pelo Bahia
Notícias com lideranças do partido dão conta que, mesmo com a desmobilização e
a possível saída de mandatários do partido por conta da federação, a legenda
pode ter nomes ligados ao governo petista na Bahia, contando com votos de
integrantes do União Brasil para ter êxito nas urnas.
Em lados opostos na Bahia, as legendas protagonizaram um cabo
de guerra por conta da federação. O União Brasil, principal partido de oposição
às gestões do PT no estado, deve ter candidatura ao governo com o ex-prefeito
de Salvador ACM Neto, buscando terminar a hegemonia petista das últimas
décadas. Já o PP, com uma bancada de deputados estaduais integrando a base
aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT), teve no presidente estadual, o
deputado federal Mário Negromonte Jr. como principal nome na tentativa de
frear a federação.
O movimento teria vínculo, justamente, com os nomes que podem
disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Com um
direcionamento de “renovar” os quadros, o partido deve tentar segurar a chegada
de nomes de mandato, possibilitando novos quadros de concorrerem a uma cadeira.
Com isso, o partido poderia destacar candidaturas novas, com ligação ao atual
grupo petista na Bahia. A promessa é tentar emplacar “quadros governistas,
usando votos da oposição”.
Entrevistado do Bahia Notícias no Ar, na rádio Antena 1
Salvador, nesta segunda-feira (12), o deputado federal e presidente dos Progressistas na
Bahia, Mário Negromonte Jr., comentou o processo que praticamente
sacramentou a federação entre o PP e o União Brasil — a União Progressista.
Durante o bate-papo na FM 100.1, o parlamentar afirmou que foi um período de
negociações difíceis e apontou que a divergência de posicionamentos nas esferas
nacional e estadual foi um dos principais fatores para a construção. Segundo
ele, a maioria dos filiados na Bahia se colocou contra a federação.
“Foi um processo que durou quase dois anos, durante esse
processo, foi muito difícil na formação para prefeitos. Onde tinha especulação,
e a federação vai ser mais vinculada a oposição da Bahia, então esse foi um
processo difícil e mesmo assim com essa dificuldade a gente entregou. Quarenta
e um prefeitos, 37 vice-prefeitos e 414 vereadores. Vencemos essa etapa e agora
estamos em uma segunda etapa, a federação mais azeitada, quase uma realidade, e
agora enfrentando o novo desafio de fazermos deputados federais e estaduais e
como o partido vai estar nas próximas eleições para governado federal e
estadual”, disse na conversa com os apresentadores Mauricio Leiro e Rebeca
Menezes.
Outro nome que comentou e relembrou a relação do PP com o
governo do PT foi o deputado estadual Hassan. O parlamentar
relembrou que foi eleito pelo PP quando a legenda apoiava o ex-prefeito de
Salvador, ACM Neto (União), na disputa pelo governo da Bahia, mas já no início
do mandato a bancada de seis deputados foi convidada a integrar a base
estadual.
“O nosso interesse quando conversamos com o governador […]
era exatamente de poder estar participando das ações do governo, de contribuir
para a gente poder efetivamente, naqueles municípios que representamos, estar
levando esses benefícios, levando a atenção do governo”, explicou.
DEBANDADA DOS DEPUTADOS
A saída dos deputados estaduais do PP é dada como certa. O deputado estadual Niltinho, líder dos Progressistas (PP) na
Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), confirmou a debandada dos
parlamentares para partidos da base do governador Jerônimo Rodrigues
(PT).
“A única decisão que a gente tem já tomada, dos seis
deputados estaduais do PP, é que sairão do partido e ingressarão em legendas da
base do governo. Tem deputados que são mais integrados entre si, eu e mais
três, dialogamos com maior intensidade entre os quatro numa eventual
possibilidade de ingressar em uma agremiação os quatro juntos. Já tem Felipe
Duarte que irá para o Avante e Nelson Leal acabou pensando outras
possibilidades também. Mas, sintetizando isso, está claro que todos sairão”,
disse Niltinho.
Hassan também apontou que existe um grupo com quatro deputados,
além dele e Niltinho que devem atuar em bloco sobre o futuro
partidário. "[Tem] Eduardo Salles e o deputado Antônio Henrique
Júnior, nós temos sempre feito o diálogo em bloco. E acredito que, seja qual
for o nosso caminho, o nosso destino, nós tomaremos essa decisão conjunta.
Então não vamos nos antecipar, não há necessidade para isso”, afirmou Hassan,
durante entrevista ao Bahia Notícias.
FEDERAIS INDEFINIDOS
Com estaduais “encaminhados” com relação ao futuro de saída do
partido, a dúvida permanece com os federais. Dos três nomes com mandato,
somente a permanência de João Leão deve ser mantida — com Cacá Leão, atual
secretário de governo da prefeitura de Salvador — disputando uma vaga em
Brasília. Tanto Mário Jr. e Cláudio Cajado têm futuro indefinido.
Ainda ponderando sobre o futuro, a saída do partido não está
descartada por nenhum dos parlamentares. Porém, mesmo podendo deixar a legenda,
segundo aliados próximos aos deputados, o sentimento é de que, mesmo ligados a
outro partido, existe certa viabilidade de reeleição. Mesmo assim, o
"comando partidário" ainda pode impactar na decisão.
Por Bahia Notícias