
Foto: Reprodução
O Colégio Cardinalício decidiu iniciar o conclave no dia 7 de
maio, quarta-feira que vem, diz a agência de notícias Reuters com base em
informações de um membro do Vaticano, nesta segunda (28). A data teria sido
decidida após debates no âmbito da quinta congregação geral, a série de
reuniões que cardeais fazem desde a semana passada, quando o papa Francisco
morreu.
Apesar de ainda faltar alguns dias para o início dessa
assembleia para eleger o novo papa, a Capela Sistina, onde os conclaves são
realizados, foi fechada para turistas nesta segunda para permitir os
preparativos para a votação.
Os dois últimos conclaves, em 2005 e 2013, duraram apenas
dois dias. Mas o cardeal sueco Anders Arborelius disse nesta segunda que espera
um conclave mais longo desta vez, já que muitos dos cardeais nomeados por
Francisco nunca se encontraram antes.
O líder morto há uma semana nomeou 80% dos cardeais que devem
escolher novo papa —ou seja, aquelas com menos de 80 anos— e fez questão de
indicar pessoas de lugares inéditos, como Mianmar, Haiti e Ruanda. O aumento da
representação de América Latina, Ásia e África é estratégico, já que essas são
as regiões para onde a Igreja caminha e cresce.
"Não nos conhecemos", disse Arborelius, um dos
cerca de 135 cardeais aptos a votar que irão à reunião.
Durante as congregações, os novatos não estarão apenas
conhecendo seus pares, como também trazendo questões de suas arquidioceses,
provavelmente estranhas a ouvidos das regiões mais tradicionais da Igreja.
Há muitas especulações sobre o perfil do próximo papa. O
funeral de Francisco e a procissão por Roma até seu local de sepultamento, na
Basílica de Santa Maria Maior, atraíram multidões estimadas em mais de 400 mil
pessoas, o que foi visto como uma aprovação ao seu papado.
O cardeal alemão Walter Kasper, por exemplo, disse ao jornal
La Repubblica que a grande quantidade de pessoas em luto por Francisco indicava
que os católicos queriam que o próximo papa continuasse com seu estilo
reformador. "O Povo de Deus votou com os pés", disse Kasper, que tem
92 anos e não participará do conclave. "Estou convencido de que devemos
seguir em frente nos passos de Francisco."
Primeiro papa da América Latina, Francisco permitiu o debate
sobre questões como a ordenação de mulheres como clérigos e a aproximação com
católicos LGBTQIA+. Essas questões, no entanto, são sensíveis, e um bloco de
cardeais conservadores certamente buscará um papa que restrinja a visão de uma
Igreja mais inclusiva.
Fridolin Ambongo, 65, arcebispo de Kinshasa, na República
Democrática do Congo, por exemplo, habita a lista de favoritos por ser uma
aposta conservadora, perfil que prevalece na liderança católica do continente
que mais tem seminaristas no planeta. Ele se opôs à decisão de Francisco de
permitir a bênção a casais homossexuais em 2023.
Algo parecido ocorre com o prefeito emérito da Congregação
para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Robert Sarah, 79, da Guiné,
com mais atritos no currículo.
Por Bahia Notícias