Infarto Crédito: Shutterstock

Em cinco anos, a Bahia registrou pelo menos quatro mortes de crianças menores de 14 anos por infarto agudo do miocárdio. Apesar de ser uma fatalidade mais comum entre os mais velhos, os pequenos também podem ser acometidos pela condição que gera forte dores no peito. Na semana passada, uma criança de apenas 11 anos teve o óbito constatado por mal súbito após sentir uma dor no peito e desmaiar enquanto bebia água. A família do garoto ainda aguarda o laudo com a causa da morte.

Em 2020 foram contabilizados dois casos em todo o estado; em 2022 mais um; e o último ocorreu em 2023, segundo dados do DataSUS. O CORREIO também solicitou dados de crianças que morreram de infarto agudo do miocárdio à Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) entre 2020 e 2025, mas não houve retorno. 

A condição clínica, que também é chamada de 'ataque cardíaco', é conhecida por ser provocada por um entupimento das paredes arteriais por uma camada de gordura. Mas, de acordo com o Especialista em Ecocardiografia e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Leandro Serafim, ela pode ter diferentes origens: por entupimento da circulação ou por mudança da circulação anatômica.

Nos casos em que crianças e adolescentes são acometidos, há chances da causa recair sobre uma alteração das artérias coronárias já existentes desde o nascimento. "Há alteração anatômica, que pode provocar infartos por alteração do funcionamento da coronária. Algumas doenças, como a de Kawazaki, uma inflamação das coronárias, também vão provocar infarto e a miocardite, que é a inflamação do músculo do coração, uma causa de infarto em crianças", explica. "Ela pode provocar um mal súbito em uma criança jogando bola", exemplifica.

Além disso, a rotina também pode influenciar na ocorrência de infartos. Sedentarismo, má alimentação e muito estresse são fatores que colaboram para possíveis alterações na circulação do sangue. Serafim alerta que, principalmente a diabetes, o colesterol e a pressão alta podem gerar sobrecarga no sistema cardiovascular.

"A gente tem visto crianças com hábitos ruins de saúde, muitas vezes necessitando de medicamentos para, por exemplo, transtornos psiquiátricos ou neurológicos, usando estimulantes, e são medicamentos que sabidamente podem provocar alteração do sistema circulatório", acrescenta o médico.

A recomendação é manter os exames cardiológicos sempre em dia, para afastar a possibilidade de uma mal súbito, sobretudo para quem tem histórico familiar de doenças cardíacas precoces. "Nós temos exames de eletrocardiograma, ecocardiograma, que já afastam a imensa possibilidade de alteração congênita e funcional que possa provocar um infarto", argumenta. 

Em 2023, o pequeno Davi Santos Silva, de apenas 11 anos, sofreu um infarto um dia depois de participar do desfile do Sete de Setembro, em Itapetinga, no Sudoeste baiano.

Por Correio24horas