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Wikimedia Commons / Domínio público
Um estudo
conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) publicado na revista científica
Scientific Reports apontou que a qualidade dos espermatozoides presentes no
sêmen é gravemente afetada pela pressão alta. Segundo os pesquisadores, a
hipertensão possui ligação com a diminuição dos espermatozoides no sêmen, além
de danos ao acrossoma, organela que facilita a penetração no óvulo.
“Um dado
alarmante é que, nos últimos 50 anos, tem se observado uma redução de cerca de
50% de espermatozoides presentes no sêmen em indivíduos hipertensos ou não.
Ainda não se sabe ao certo as causas do fenômeno, ou se ele vai começar a
comprometer a reprodução da espécie no futuro. Por isso, todo estudo é
bem-vindo, seja para reverter ou impedir que essa redução aumente”, explicou o
professor de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP), Stephen Rodrigues, que
conduziu o estudo, em comunicado.
Segundo
publicação do portal “O Globo”, a queda na qualidade do sêmen em homens
hipertensos ocorre ainda na juventude, se estendendo por toda vida do
indivíduo. A pressão alta também tem a tendência de afeta a microcirculação nos
testículos a longo prazo, matando os espermatozoides.
“Esses
resultados mostram que a hipertensão arterial tem um impacto reprodutivo que
começa muito cedo e persiste durante toda a fase adulta. Mesmo períodos
relativamente curtos de exposição a níveis elevados de pressão arterial já são
suficientes para causar danos irreversíveis”, afirmou Rodrigues.
A USP também
realizou estudou sobre a eficácia dos medicamentos sobre a qualidade do sêmen.
Foram analisados os remédios que normalmente são utilizados no combate a
hipertensão: losartana e a prazosina.
A losartana
não obteve sucesso em reverter as mudanças nos espermatozoides. Contudo, a
prazosina modificou parte dos danos observados.
“Esse achado
sugere que apenas reduzir a pressão arterial não é suficiente para proteger a
saúde reprodutiva. A combinação de agentes que reduzem a mortalidade com outros
que preservem a função reprodutiva pode ser um caminho promissor”, disse o
professor que conduziu o estudo.
A pesquisa,
no entanto, não foi realizada em humanos. Os resultados foram obtidos a partir
de estudos feitos em ratos com diferentes faixas etárias, indo de 8 a 10
semanas, equivalente a cerca de 18 anos humanos, até 60 a 66 semanas,
equivalente a 45 a 50 anos humanos.