
Foto: Reprodução / Câmara dos Deputados
O holofote deve retornar para a discussão da proposta, na
Câmara dos Deputados, que ajusta o número de integrantes das bancadas estaduais e do
Distrito Federal na Casa e apresenta divergência entre deputados
baianos. Em contato com o Bahia Notícias, parlamentares apontaram cenários
distintos para o projeto, que promete ser conduzido neste semestre.
A medida que valeria para a legislatura que terá início em
2027, observado o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que o número de deputados de cada estado deve ser revisto, em razão do
Censo de 2022. O tribunal determinou que o Congresso Nacional editasse uma
lei revisando a distribuição do número de cadeiras de deputados federais em
relação à população de cada estado. Com isso, a Bahia perderia duas vagas.
Ao BN, o deputado federal Capitão Alden (PL) defendeu que “a
matéria seja discutida pelo parlamento brasileiro, por meio de uma Comissão
Especial, para debater a melhor forma de alterar a composição das bancadas dos
estados". "Não podemos nos furtar a essa discussão, sob pena de que o
STF tome essa decisão. O que não cabe, já que esta é uma prerrogativa do
Parlamento. O assunto não é sobre ‘ganhar’ ou ‘perder’, mas sim, sobre um
recenseamento justo, que leve em consideração o tamanho e as peculiaridades de cada
estado, como também, permitir um debate amplo no seu devido espaço de
tempo", reforçou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta
(Republicanos-PB), já sinalizou a intenção de construir um acordo com o STF
para aumentar o número de deputados federais. Pela sugestão de Motta, a Casa
passaria a ter mais 14 deputados federais, além dos atuais 513, totalizando
527.
O também deputado federal Félix Mendonça (PDT) também
ressaltou que a alteração é "uma questão estabelecida na lei".
"Tendo o limite mínimo oito com limite máximo de 70, como é o caso de São
Paulo. Se tiver que perder dois, paciência. A representatividade continua a
mesma, então não tem problema algum. Tem um movimento na Câmara, para manter
todos os deputados, para que nenhum estado perca nenhuma cadeira, só crescendo.
Não acho que deva crescer e sim manter. Se outro estado tenha condição de ter
mais uma cadeira e a gente perder, paciência. É o tamanho do estado",
disse Félix.
"Pode até avançar [o projeto na Câmara] para não ter a
perda [na Bahia]. O que está na lei está bem feito, bem regulamentado. Deveria
manter o que tem, mas se tiver que preservar dois deputados da Bahia, que
seja", completou o parlamentar do PDT.
A deputada federal Lídice da Mata (PSB) também opinou sobre o
tema. Ao BN, a deputada indicou que o projeto precisa levar em conta alguns
fatores e critérios. No caso da Bahia, ela aponta que "não perde a sua
condição de maior estado do Nordeste porque perdeu uma parte da população.
Continua sendo o maior estado do Nordeste, continua sendo o quarto em população
do Brasil".
"Não tem sentido, por exemplo, diminuir sua
representação na Câmara dos Deputados para dar espaço à representação de
estados extremamente pequenos, de população absolutamente minoritária em
relação à nossa. Ou mesmo o Rio de Janeiro, que é a segunda maior população do
Brasil, porque perdeu relativamente população, perder essa condição de
representação de sua bancada. O número de deputados é muito importante para
definir investimentos nos estados e para representar, de fato, o país no
Congresso Nacional, cada região do país. Por isso mesmo, se você for olhar, por
exemplo, as populações que serão beneficiadas, algumas delas são dos estados
menores da federação", disse.
ESTADOS REPARTIDOS
Em julho de 2023, uma projeção realizada a pedido da Folha pelo Diap
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) mostra que os dados do
Censo 2022 apontam que mudanças na atual administração das 513 cadeiras traria
perdas de vagas em sete estados e ganhos em outros sete.
O Rio de Janeiro lideraria a perda de assentos na Câmara,
caindo de 46 para 42 vagas. Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e Paraíba perderiam
duas vagas cada um. Já os estados de Pernambuco e de Alagoas teriam menos uma
cadeira na Câmara.
Por Bahia Notícias