Com clima de interior, Pablo grava DVD em Salvador Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Com sua voz marcante e as inconfundíveis melodias do arrocha, Pablo transformou a Boca do Rio em um reduto de sofrência nesta sexta-feira (3). O cantor baiano trouxe para Salvador a gravação do novo DVD ao vivo, "Bodega do Pablo", projeto que celebra suas raízes nordestinas e reafirma sua trajetória de mais de 20 anos na música.

A espera para o evento foi conturbada. As apresentações, planejadas para iniciar às 20h, atrasaram cerca de 40 minutos, o que levou a vaias de uma parcela do público. No entanto, após uma entrada triunfal saindo de um carro e disparos de fogos de artificio, a multidão voltou a se animar com a sonoridade irresistível de Pablo.

O cenário do show recriou o clima do interior nordestino, com chão de terra batida, casinhas rústicas, uma bodega e uma igrejinha, proporcionando um ambiente nostálgico e intimista. Pablo abriu a noite com "Quase me Chamou de Amor", uma canção sobre a perda de uma grande paixão, que aliada ao seu vocal inconfundível e ao ritmo do arrocha, arrancou uma reação imediata do público. "Eu perdi a chance de ser feliz. Eu perdi você, não foi porque quis", dizia a letra, entoada em coro pelos fãs.

Entre eles, estava a alagoana Fany Gabriela Braga, 54, admiradora do artista há duas décadas. Aproveitando o Réveillon na capital baiana, ela fez questão de assistir ao show e compartilhou a importância das músicas de Pablo em sua vida. "Já vivi todos os amores, desamores e dores de cotovelo com as canções dele. Ouvir Pablo é sofrer, mas também entender que amar vale a pena. Eu gosto de todas e sei tocar todas em meu teclado", declarou.

As novas gerações, como o adolescente Daniel Santos, de 15 anos, também estiveram presentes na gravação do DVD. O morador da Paralela contou que acabou de ter a primeira desilusão amorosa e o arrocha tem o ajudado. "Chorei muito, mas já estou superando. Viver é isso: passar por poucas e boas", desabafou.

O repertório da noite ainda incluiu sucessos como "Dona de Mim" e "Voa Livre", além de parcerias com convidados especiais, que ficaram sentados na bodega presente no palco durante todo o show. Artistas como Milsinho Toque Dez, Asas Livres, Silfarley e Nenho subiram ao palco ao lado de Pablo. Entre os destaques, a performance de "Arrependido", em colaboração com Tayrone, trouxe um momento de forte conexão com o público. "É uma música antiga, que eu já sabia de cor. Dividir o palco com Pablo é uma honra", afirmou Tayrone.

Apesar da sofrência, as músicas de Pablo também estão associadas a momentos de curtição, como destacou a fã Jucilene de Souza, que completa 45 anos no domingo (5) e considerou o show um presente adiantado. "Sou fã há mais de 15 anos, desde a época do Asas Livres. Minha favorita é 'A Casa ao Lado', que sempre tocava com minhas amigas em momentos de desabafo e diversão", contou.

Para o cantor, o projeto "Bodega do Pablo" é um retorno às origens, revisitando canções que marcaram o início de sua carreira. "Essa ideia surgiu em uma viagem a uma cidadezinha de interior. Vieram muitas lembranças da infância, de meus pais e avós. Quis recriar isso com um cenário que remetesse a uma cidadezinha, com a igrejinha, a bodega e as casinhas", explicou o cantor, natural de Candeias, reforçando sua gratidão pelo arrocha e o legado construído através do gênero.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo

Por Correio24horas