Foto: Reprodução / Redes Sociais
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes) vai fazer uma revisão geral das regras de monitoramento, da
classificação de risco e dos processos que hoje utiliza na fiscalização das
pontes federais em todo o país. As mudanças também devem incluir a redução de
prazo entre as inspeções realizadas pelas equipes regionais da autarquia.
A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo pelo
diretor-geral do órgão federal, Fabrício Galvão. Hoje, um sistema centraliza as
informações sobre o status de cada ponte, sua classificação de risco, obras em
andamento e intervenções necessárias. Ocorre que esse sistema é alimentado
pelas inspeções humanas, que são feitas a cada um ano e meio — quando o prazo é
cumprido.
"O que nos causa estranhamento é que não houve nenhum
registro ou alerta sobre a situação da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira,
na divisa do Tocantins com Maranhão. Puxamos as informações dos últimos três
anos. A matriz não recebeu nenhuma notificação de problemas. Por isso,
instalamos uma comissão imediatamente, para apurar essa situação", disse
Galvão.
Conforme revelou a Folha de S.Paulo, a ponte que desabou
estava na categoria 2, que reúne pontes com estrutura em condição ruim. Na
avaliação do Dnit, há cinco categorias de classificação sobre o estado das
pontes federais, sendo 1-crítico; 2-ruim; 3-regular; 4-bom; e 5-ótimo.
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo também revelou que
727 pontes em todo o país se encontravam nas categorias crítica ou ruim, sendo
130 delas na pior condição possível, e outras 597 na categoria ruim. Isso
significa que 12,5% das pontes brasileiras estão enquadradas em um destes dois
cenários.
"Precisamos aprimorar o sistema, reduzir o tempo de
verificações, ter classificações mais rigorosas. Estamos trabalhando nisso.
Vamos deixar nosso sistema ainda mais crítico, porque esse tipo de evento que
ocorreu é inadmissível", afirmou Galvão.
Por meio de uma portaria publicada nesta segunda-feira (23),
o Dnit criou uma comissão com quatro servidores que farão "procedimento de
apuração preliminar" sobre a tragédia, identificando possíveis causas do
acidente e responsabilidades. A comissão, que atuará com apoio da área de
auditoria interna do Dnit, deve concluir seu trabalho no prazo de 120 dias, o
qual pode ser prorrogado, se for necessário.
O diretor-geral do Dnit não soube informar se a ponte que
desabou teve a sua última inspeção realizada por equipe local do próprio Dnit
ou por alguma empresa terceirizada. Essa é uma das respostas que a comissão
criada terá que dar.
"Normalmente, temos empresas contratadas que fazem
inspeções e cadastram no sistema. A ponte que caiu deveria estar no nível 1,
que é o mais crítico. Não poderia ser nível 2. Quando recebemos alertas,
fazemos as interdições. Isso aconteceu, por exemplo, na Ponte do Fandango, no
Rio Grande do Sul, na ponte do Igapó, no Rio Grande do Norte, e na ponte do Rio
Cachorro, em Roraima. Fazemos interdições, restringimos a passagem, mas no caso
da ponte Juscelino Kubitscheck, não tivemos esse tipo de alerta", disse Galvão.
O diretor-geral do Dnit disse que, nos próximos meses, deve
publicar uma nova instrução de serviço, para tornar o processo de monitoramento
das pontes mais rigoroso. "Temos que tirar um aprendizado. O Dnit vai se
debruçar sobre o seu sistema, e vai fazer uma revisão sobre as pontes das
categorias mais críticas, a 1 e a 2, para tomar providências."
Hoje, o Dnit tem 241 pontes com serviços de reabilitação
contratados e em andamento, iniciados após emissão de alertas recebidos pelo
seu sistema.
Subiu para quatro o número de mortos confirmados após a queda
da ponte Juscelino Kubitschek. Ao menos 13 pessoas seguem desaparecidas após o
acidente, incluindo duas crianças. Os bombeiros do Tocantins e Maranhão seguem
com os trabalhos de buscas.
A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento) informou nesta
segunda-feira (23) que 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de
defensivos agrícolas caíram no rio Tocantins após o desabamento da ponte.
Por Bahia Notícias