
Foto: Mário
Agra/Câmara dos Deputados
Em mais
um avanço da pauta prioritária elencada pelo governo federal para esta última
semana de trabalhos antes do recesso parlamentar, deputados e senadores da
Comissão Mista de Orçamento aprovaram, na noite desta terça-feira (17), o
relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2025. O
relatório, elaborado pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO), será agora analisado
em sessão conjunta do Congresso, marcada para as 10h desta quarta (18).
O texto
da LDO estabelece as prioridades e a meta fiscal da União para o ano seguinte,
além de orientar a elaboração do próprio Orçamento, cujo texto ainda precisará
passar pela Comissão de Orçamento. Havia uma forte preocupação do Palácio do
Planalto e da equipe econômica do governo com a possibilidade de não aprovação
da LDO ainda este ano, algo que jamais aconteceu.
O projeto
acabou sendo aprovado com previsão de salário mínimo de R$ 1.502 para 2025. O
valor é o mesmo previsto pelo Ministério da Fazenda quando o governo enviou o
texto ao Congresso, em abril deste ano, e segue as regras atuais de valorização
do salário mínimo, já que o projeto que muda a sistemática ainda não foi
aprovado nas duas casas do Congresso.
Segundo o
relator, Confúcio Moura, o valor previsto para o salário mínimo ainda pode vir
a ser alterado, caso o pacote de cortes de gastos do governo seja mesmo
aprovado esta semana.
A
proposta aprovada na CMO manteve a meta de resultado primário para 2025 em
zero, com margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para
mais ou para menos. Em valores absolutos, a LDO prevê que o resultado primário
brasileiro poderá variar entre déficit de R$ 31 bilhões e superávit primário de
R$ 31 bilhões em 2025, considerando a margem de tolerância.
Anteriormente,
o senador Confúncio Moura havia incluído no seu relatório a obrigação do
governo federal de mirar apenas o centro da meta fiscal de déficit zero ao
longo do ano, sem levar em conta a banda inferior. No entanto, o senador voltou
atrás e retirou este trecho do parecer. Segundo ele, foram acolhidas 694
emendas ao texto, que possui cerca de mil páginas.
A LDO já
contempla um déficit de R$ 30,9 bilhões que fica fora da meta de resultado
primário. Também foram mantidos os resultados de estados e municípios, o
déficit de R$ 6,2 bilhões das estatais e despesas do PAC de até R$ 5 bilhões.
O projeto
da LDO também recebeu a inclusão de uma lista de despesas que não ficarão
sujeitas a contingenciamento. Estão na relação despesas como as de
universidades federais, programas de proteção a populações indígenas, a
defensores de direitos humanos, ao Fundo Nacional para a Criança e o
Adolescente, o Fundo Nacional do Idoso e despesas com prevenção e mitigação de
desastres naturais.
Outros
três tipos de gastos relacionados ao setor agrícola foram incluídos na lista de
despesas que são obrigações constitucionais ou legais da União. São subvenções
econômicas para a formação de estoques reguladores, para comercialização de
produtos agropecuários e para comercialização de produtos da agricultura
familiar.
Também
foi acrescentado no texto da LDO pelo senador Confúcio Moura um anexo de metas
e prioridades a partir de sugestões de deputados e senadores. Esse anexo,
juntamente com os programas previstos no Plano Plurianual (PPA) 2024-2027,
poderão orientar a elaboração de emendas de bancadas estaduais ao Orçamento,
por exemplo.
O
relatório da LDO prevê ainda mudanças nas seguintes áreas:
- Bloqueio de emendas
As
emendas individuais e de bancadas estaduais, que são impositivas, poderão
sofrer bloqueios para evitar o descumprimento do limite de gastos do Executivo.
O bloqueio será proporcional ao aplicado às demais despesas não obrigatórias.
- Fundo Partidário
O relator
incorporou duas mensagens do Executivo para modificar o texto. Uma que reajusta
o Fundo Partidário na mesma proporção que as demais despesas da Justiça
Eleitoral, e outra que propõe novos critérios para transição de empresas
estatais do orçamento geral para o orçamento de investimento.
- Transferências
Nas
transferências para municípios, não serão vedados repasses para municípios com
população inferior a 65 mil habitantes que estejam inadimplentes.
- Saúde
Foi
ampliada a possibilidade de atendimento de entidades sem fins lucrativos
prestadoras de serviços de saúde para permitir a realização de obras físicas.
- Emendas de transferência
especial (Pix)
São
emendas parlamentares individuais ao Orçamento. O relatório determina que seja
informado previamente o plano de trabalho, com objeto e valor do repasse. A
falta do plano pode implicar na suspensão da execução da emenda.
- Prioridade
Os
autores das emendas parlamentares devem indicar a ordem de prioridade para a
sua execução.
- Compensação
Dispensa
a apresentação de medidas de compensação para as proposições legislativas que
aumentem a despesa ou criem renúncia de receita em valor inferior a um milésimo
por cento da Receita Corrente Líquida realizada em 2024. Isso deve corresponder
a cerca de R$ 13 milhões.
- Sustentabilidade
A
política de aplicação dos recursos da Finep deverá privilegiar projetos de
redução do impacto ambiental nos biomas amazônico, Cerrado e Pantanal;
resiliência climática das cidades e das atividades econômicas; descarbonização
e transição energética. O Banco da Amazônia deverá apoiar projetos de adaptação
às mudanças climáticas em qualquer área econômica.
- Ensino superior
Cria
programação específica para incluir as transferências de recursos para
Instituições Comunitárias de Educação.
- Altas Habilidades
Cria
categorias de programação específicas para despesas com centros especializados
no atendimento integral de pessoas com transtorno do espectro autista e com
apoio à educação de pessoas com altas habilidades.
- Rodovias municipais
Abre a
possibilidade de destinar recursos federais para a construção e a manutenção de
rodovias estaduais e municipais destinadas à integração de modais de transporte
ou ao escoamento produtivo; e para a malha hidroviária brasileira, utilizada
para o transporte de carga e pessoas.
- Moradia
Permite
que recursos do programa Moradia Digna sejam alocados para operações conjuntas
com Parcerias Público-Privadas (PPP) na área de habitação.
- Fundo Nacional de Aviação
Os
financiamentos do BNDES com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil
destinarão 10% dos empréstimos a empresas aéreas para investimentos em
melhorias no rastreamento de bagagens e animais.
Com
informações da Agência Câmara de Notícias
Por Bahia
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