Foto: Divulgação/TCU
O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou, em decisão
cautelar (urgente e provisória), que os ministérios da Fazenda, do
Desenvolvimento e Assistência Social e do Esporte e a Caixa Econômica Federal
tomem medidas imediatas para impedir que recursos de programas sociais, como o
Bolsa Família, sejam utilizados em apostas online.
Em sua decisão, o ministro Jhonatan de Jesus solicitou aos
órgãos responsáveis que se manifestem, em até 15 dias, sobre a adoção dessas
providências e sobre os indícios de irregularidades relacionados ao uso de
recursos do Bolsa Família para apostas nas chamadas bets.
O ministro aponta a possível violação da lei que rege o
programa de transferência de renda e a falta de fiscalização adequada no setor
de apostas.
"A destinação dos recursos para apostas, atividade que
não contribui para a satisfação das necessidades básicas nem para a superação
da pobreza, viola esses objetivos e compromete a eficácia da política pública
de assistência social", afirmou o ministro em sua decisão.
Na decisão, o ministro faz alerta para a necessidade de
soluções técnicas para operacionalizar a proibição dos recursos dos programas
sociais. Segundo o magistrado, a medida visa garantir que os recursos
destinados ao combate à pobreza não sejam usados para apostas.
"A atuação preventiva do Tribunal, ao impedir o desvio
de finalidade desses recursos, visa proteger o erário, bem como a eficiência e
a legitimidade da política pública, sem gerar impacto negativo irreversível
para os beneficiários", afirma o ministro.
"Em suma, a proporcionalidade e a razoabilidade da
medida garantem que os efeitos benéficos superem qualquer eventual impacto
negativo temporário."
Além disso, o TCU solicita na decisão cautelar que os
ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e Assistência Social e do Esporte e
a Caixa Econômica Federal informem, no prazo de 15 dias, as medidas que serão
adotadas para impedir o uso indevido de recursos de programas sociais em
apostas.
"A utilização indevida dos benefícios sociais que não
observam os objetivos constitucionais subverte os fundamentos legais desses
programas e justifica a adoção de medidas corretivas por parte do TCU",
disse.
Na última quinta-feira (12), a Advocacia-Geral da União (AGU)
entrou com um recurso contra uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que
havia determinado ao governo federal a implementação de medidas para evitar que
os beneficiários do Bolsa Família utilizem os recursos do programa para
apostar.
No pedido, a AGU argumenta que o governo não tem ferramentas
técnicas para proibir esse tipo de gasto, uma vez que não é possível
identificar os valores vindos do benefício entre outros depósitos em contas
bancárias das famílias.
Além disso, as áreas técnicas do governo afirma que, após a
transferência do recurso, o dinheiro se torna do beneficiário e o poder público
perde a capacidade de controlar sua destinação.
Por Bahia Notícias